
25 de janeiro de 2011 | 10h31
Por enquanto, trata-se de uma intenção, mas ambos acreditam que será possível levá-la adiante. Dizendo-se movido pela paixão - pelo cinema, pela vida -, Saraceni passou recentemente por maus momentos. Sofreu um AVC, a vida parecia encerrada para ele, mas aí a Petrobras deu-lhe uma sobrevida. No palco do Cine-Tenda, onde ocorre a maioria das projeções de Tiradentes, Ana Maria agradeceu à empresa que salvou seu marido. "O fato de ter feito O Gerente fez Paulo Cezar renascer."
Essa questão do patrocínio tem estado na pauta em Tiradentes. Muita gente queixa-se do sistema de financiamento de filmes, e não apenas os novos diretores; os veteranos, também. Hoje é tudo mais fácil, com a tecnologia digital, mas o dinheiro continua escasso. Era mais fácil fazer filmes na cara e na coragem antigamente, como quando Saraceni dirigiu "Porto das Caixas", em 1962.
O filme foi exibido ontem como parte da homenagem ao diretor. Com os defeitos que possa ter, a obra sobre a mulher que mata o marido a machadadas se beneficia da fotografia de Mário Carneiro e da trilha de Tom Jobim. A atriz Irma Alvarez possui uma máscara trágica e "Porto das Caixas" é embebido pelo espírito ou pela influência de Lúcio Cardoso. Foram os dois escritores que marcaram o jovem Saraceni, - Otávio de Faria, autor da "Tragédia Burguesa", e Lúcio Cardoso.
Saraceni veio a Tiradentes para dizer que não tem o menor interesse pelo cinema de mercado. A questão de mercado volta e meia reaparece nas discussões. A Mostra Aurora, menina dos olhos de Tiradentes, prestigia a experimentação (estética e política). No domingo à noite, Toniko Mello veio mostrar "Os VIPs", com Wagner Moura. O ator não veio porque está em Sundance, com "Tropa de Elite 2". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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