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Obra de Baselitz vem ao Brasil pela primeira vez

Paço Imperial, no Rio, abre hoje mostra de um dos mais destacados artistas alemães. Em 2001, exposição segue para São Paulo, Curitiba e Porto Alegre

Por Agencia Estado
Atualização:

Abre hoje no Rio a primeira exposição do artista plástico alemão Georg Baselitz no Brasil. Será no Paço Imperial, reunindo 15 pinturas e 81 gravuras daquele que é considerado um dos cinco artistas mais importantes da Alemanha atualmente. Até 31 de dezembro no Rio, a exposição viajará para São Paulo, Salvador, Curitiba e Porto Alegre no ano 2001. Baselitz é o pseudônimo de Hans-Georg Kern. O apelido vem de uma homenagem à cidade onde nasceu, Deutschbaselitz, em 1938. O pintor não aderiu a escolas artísticas, o que acabou retardando seu reconhecimento. Foi expulso da Escola Superior de Artes Plásticas de Berlim por "imaturidade sócio-política", nas palavras da instituição. "Ele é um pintor muito alemão, no sentido emocional e espiritual", diz o responsável pela exposição no Rio, Klaus Vetter. "Ele simplesmente pintou do seu jeito", completa Klaus, explicando o porquê de Baselitz não ter se adaptado a esquemas ideológicos na arte. Baselitz, hoje com 62 anos, não dá entrevistas. Uma chance a menos de descobrir o motivo de uma das principais características da obra do pintor: ilustrar pessoas de cabeça para baixo. "Ele nunca vai dar essa resposta e vai achar bobo quem perguntar", esclarece Vetter. Ele interpreta essa tendência como uma vontade de desorientação, mas não se aprofunda em explicações. Plasticamente, Baselitz está no meio termo entre a figuração e a abstração. Teóricos o situam no pós-expressionismo, definição com a qual o próprio artista não concorda. Mas cabe refletir se a maior abstração está nos traços que não formam desenho ou em traços compreensíveis mas de cabeça para baixo, com sentido construído mas invertido. Outra constante no trabalho de Baselitz é sua mulher Elke. Assim como Picasso, Baselitz tem obsessão em pintar a figura de sua mulher. Mas este tem um casamento duradouro, gerando mais estudos da mesma face. A escultura também é explorada pelo artista, mas nenhum desses trabalhos, a maioria em madeira, veio ao Brasil. A mostra está organizada cronologicamente. A intenção da curadoria, feita à distância pelo Instituto de Relações Culturais com o Exterior, de Stuttgart, é apresentar o artista, para o que 96 obras planas, recolhidas ao longo dos últimos 30 anos de atividade, talvez sejam suficientes. A exposição já esteve em várias cidades da América Latina. Klaus Vetter, que representa o Instituto no Rio de Janeiro, informa que uma parceria do órgão de Stuttgart com o Instituto Goethe vai trazer sistematicamente artistas contemporâneos alemães ao Brasil. A primeira realização dessa parceria esteve em cartaz até poucas semanas, também no Paço Imperial: a mostra do Expressionismo Alemão. Georg Baselitz - Paço Imperial. Praça 15 de novembro, centro. Tel: 533-4407. De 23 de novembro a 31 de dezembro, de terça a domingo, das 12h às 18h30. Entrada franca até 7 de dezembro; depois, R$ 5,00.

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