Objetos de ferro, a arte mineira em SP

"Tenho meu próprio ferro-velho", diz Marcos Coelho Benjamin, que expõe a partir desta quinta, na Marília Razuk Galeria de Arte, seus objetos de ferro, zinco, terra, minério de ferro, tela galvanizada e serragem de jacarandá

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Por Agencia Estado
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Artista mineiro nascido na cidade de Nanuque, Marcos Coelho Benjamim expõe, a partir desta quinta-feira, na Marília Razuk Galeria de Arte, os objetos que fez este ano. Apesar de produzir obras com diversos tipos de materiais com tudo o que lhe cai nas mãos - "tenho meu próprio ferro-velho" -, as peças apresentadas nessa exposição foram feitas basicamente com ferro, zinco, terra, minério de ferro, tela galvanizada e serragem de tronco de jacarandá. "São elementos que remetem ao meu espaço, à minha vida, ao meu quintal", explica Benjamim. Por exemplo, ele conta que sua cidade natal se desenvolveu por causa do ciclo da madeira, assim como Ouro Preto surgiu com o ciclo do ouro. Benjamim é autodidata e desde criança produzia objetos. Iniciou sua carreira como cartunista, participou de vários salões de humor e até a década de 80 também fez pinturas. Depois começou a fazer somente objetos. "Estou reinventando a idéia de objeto, minha própria linguagem, já que os objetos de hoje são muito duchampianos. Os meus são voltados ao meu mundo." Na exposição estão reunidas entre pequenas e grandes obras que, se forem vistas individualmente, chegam quase a cem, mas também podem ser vistas como séries ou conjuntos. Para o artista, o espectador pode formar a obra, seja reunindo os objetos ou deixando-os isolados. Suas obras são tão livres que há 15 anos nenhuma recebe título, justamente para frisar seu propósito de tirar qualquer "consideração literária" sobre o que produz. "A idéia é criar o silêncio do discurso." Interessa-lhe o estado natural dos materiais. As peças em ferro, por causa da solda, trazem diferentes pequenos tons, como amarelo, azul, vermelho e marrom. A obra feita em tela galvanizada incorpora serragens de jacarandá que ficaram pretas por causa da oxidação. Benjamim conta que tem guardada essa serragem há cerca de dez anos, um presente de outro artista mineiro, Fernando Luchesi. Além da exposição, o artista está preparando um livro-catálogo que será lançado em março no mezanino da Marília Razuk. A edição terá como enfoque a questão do ateliê e, por isso, contará com várias fotografias feitas em seu próprio local de criação, o seu "ferro-velho". O livro também reunirá um texto de Gaston Bachelar - que Benjamim considera perfeito para explicar seu processo de criação - e pensamentos do próprio artista. Serviço - Marcos Coelho Benjamim. De segunda a sexta, das 10h30 às 19 horas; sábado, das 11 às 14 horas. Marília Razuk Galeria de Arte. Avenida 9 de Julho, 5.719, tel. 3079-0853. Até 21/12. Abertura quinta-feira,às 19 horas

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