08 de fevereiro de 2015 | 21h13
Na Fusion, Danielle Henderson escreveu recentemente a respeito de uma das conclusões de uma sondagem realizada pela rede social com mil pessoas entre os 18 e os 34 anos. A pergunta era: “Que figura pública ou celebridade você gostaria de convidar para jantar?” Nos primeiros lugares da lista figuraram os nomes do Presidente Barack Obama, Oprah Winfrey e Beyoncé Knowles-Carter.
“É significativo observar que as três pessoas mais votadas são afro-americanas”, afirma Henderson, “porque isto coincide com a ideia de que estes personagens pertencentes à geração do milênio são o grupo mais diversificado em termos raciais e étnicos da história do nosso país, e também os mais progressistas politicamente”.
Mas os números corroboram também outra conclusão, quem sabe até menos encorajadora. As personalidades afro-americanas do topo da lista chegaram a este lugar em parte porque foram poucos os entrevistados que mencionaram alguma pessoa, em particular, pertencente à vida pública, passada ou presente. Oprah e Beyoncé talvez sejam as celebridades com as quais as pessoas mais desejariam tomar um copo de vinho, mas isto não significa tanto quanto teria significado em outra época.
O presidente Obama foi escolhido por 11% dos entrevistados como convidado especial, indo para o primeiro lugar da lista. Na realidade, trata-se de uma porcentagem inferior à das pessoas que não souberam ou não quiseram responder, 15% dos entrevistados. A porcentagem das que disseram que não gostariam de convidar uma personalidade pública chegou a 7%, 4 pontos acima da de Oprah, que recebeu 3% dos votos.
Olhando estes resultados, não seria absurdo concluir que os jovens rejeitam figuras públicas, e não que estejam abertos para modelos afro-americanos. Beyoncé está em terceiro lugar da lista com 2% das respostas. Ou seja, apenas 20 em mil entrevistados bastaram para colocá-la neste lugar, o que oferece uma perspectiva bastante preocupante para as celebridades dos tempos modernos.
Se Beyoncé não é maior do que os Beatles, não será por sua culpa: numa época em que todo mundo pode encontrar sua subcultura particular, nenhuma figura da cultura popular chegará a ser adorada a este ponto em termos universais. No que diz respeito à variedade cultural, isto é algo considerável. Mas é também um exemplo decepcionante de que a ascensão de superastros negros deve ser devida menos a um consenso quanto aos talentos de Beyoncé e à sua importância como modelo e mais porque o público disponível hoje se tornou tão difundido.
Olhando mais em baixo na lista esta impressão se confirma. Dezoito personalidades e figuras públicas brancas receberam cada uma 1% das preferências, enquanto apenas três outros afro-americanos foram mencionados a o suficiente para serem levados em conta: Jay-Z, a primeira dama Michelle Obama e o astrofísico Neil deGrasse Tyson. Nenhum cidadão de origem latina ou asiática obteve 1% das menções, o que reflete quão pouco relativamente expressiva é a representação de ambos os grupos na cultura e em instituições como o Congresso.
Entendo a tentação de nos sentirmos aliviados observando resultados como estes da pesquisa da Fusion. Os representantes da geração do milênio estão chegando! A esperança está a caminho! Mas números como estes sugerem que as pessoas negras terão de continuar lutando, e muito, para exercerem alguma influência na cultura, e descobrirem no final, quando chegarem lá em cima, que inspiram um público menor do que teria acontecido há uma geração.
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