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O vaivém de nomes na levada da sucessão

Fortalecido com verbas e novas estruturas, MinC é objeto de disputa

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

O Ministério da Cultura, com pouco mais de 20 anos de existência, finalmente se tornou disputado. Uma das pastas mais vulneráveis do governo federal até o início desta década, o MinC hoje tem um orçamento de mais de R$ 2 bilhões, e se reforçou de estruturas influentes, como a Ancine, o novo Iphan e o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), entre outros. Mecanismos de política cultural de apoio estão em fase final de aprovação no Congresso - anteontem, foi aprovado o novo Plano Nacional de Cultura, norteador de diretrizes nacionais de políticas; está quase saindo o Vale Cultura, sistema de democratização de acesso a produtos da indústria cultural; e o ProCultura, que abrange uma nova lei de incentivo e fundos diretos, e também deverá dar um upgrade na estrutura.Para muitos artistas e produtores culturais, com a visibilidade vieram os problemas. Ministério emergente, sua importância política acabou causando um "leilão" sucessório - fomentado por boatos, que figurões do ministério atribuem a "fogo amigo" (ou seja: plantados dentro do próprio ministério). Após oito anos de governo Lula, quem seria o nome adequado para ficar à frente da pasta nos próximos quatro anos, na gestão Dilma?A presidente eleita tem duas opções: poderá manter no cargo Juca Ferreira (licenciado do Partido Verde, homem ligado à esfera de influência do governador Jaques Wagner, do PT da Bahia), ou escolher um novo ministro. Juca Ferreira foi o segundo homem na hierarquia do MinC na gestão de Gilberto Gil e assumiu há dois anos, quando Gil deixou o governo voluntariamente.O atual titular prefere não postular diretamente a permanência. "Não é bom pressionar a presidenta eleita para tomar as decisões. É bom que ela tenha tempo, que tenha condições de decidir. Confio no compromisso dela com a cultura e que, qualquer que seja sua decisão, não regrediremos a uma situação de precariedade. Ao contrário, há uma tendência a fortalecer ainda mais o MinC. O que eu posso dizer é que continuidade não é mesmice: é manter a coerência."Segundo Ferreira, caso ele seja reconfirmado no cargo, suas prioridades seriam as seguintes: "Estender os benefícios culturais a todo o território brasileiro; promover a maior circulação de conteúdos possível; aprimorar as políticas culturais, que ainda estão em construção; ampliar o acesso e fortalecer a economia da cultura."Mas o partido da presidente, o PT, estaria exigindo um nome próprio. Entre as especulações estão: Emir Sader, Vicente Cândido, Sergio Mamberti (que já foi "ministeriável" em 2006) e Ângelo Vanhoni (presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara). A filósofa Marilena Chauí, ex-secretária em São Paulo durante o governo Erundina, e é ligada a Marta Suplicy, também é mencionada.Do lado do mais forte aliado do governo, o PMDB, os nomes são muitos. Começando pelo escritor Fernando Morais, que conhece a área e já foi secretário de Educação em São Paulo. Mas há também na lista os nomes de Marcos Villaça (da Academia Brasileira de Letras, muito ligado a José Sarney, forte aliado do governo), Ângelo Oswaldo (prefeito de Ouro Preto, militante do patrimônio histórico de MG) e Ângela Gutierrez (empresária e colecionadora).Do PCdoB, apresentam-se os nomes de Célio Turino (ex-secretário de Gil e Juca Ferreira no MinC) e Jandira Feghali (secretária de Cultura do Rio de Janeiro, ligada à área em âmbito regional). Jandira, inclusive, foi uma das anfitriãs do encontro da então candidata Dilma Rousseff com artistas do porte de Chico Buarque e Gil no Rio de Janeiro. Do PSB de Ciro Gomes, emerge a grande surpresa da bolsa de apostas: o nome da atriz Patricia Pillar, mulher de Ciro e que é considerada sua conselheira técnica para assuntos de cultura e arte.A "zebra", digamos assim, viria do PTB: o vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar, homem forte de Luiz Marinho, golden boy de Lula no ABC paulista. Há ainda os nomes técnicos do MinC, como Silvana Meirelles (coordenadora do Programa Mais Cultura), Manoel Rangel (Agência Nacional de Cinema) e Alfredo Manevy (segundo homem na hierarquia do MinC).

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