19 de junho de 2013 | 09h45
Tamanho cuidado não foi em vão: O Tango da Velha Guarda, lançado agora pela editora Record, é uma complexa e apaixonada trama em três atos, que revela dor e intrigas ao som caliente do tango, além de traçar um retrato da Europa nos anos 1920, 30 e 60. Tudo começa com a viagem de navio do famoso compositor Armando de Troeye a Buenos Aires. Ao lado da bela esposa Mecha Inzunza, ele carrega, na mente, um tango inacabado. Durante a travessia, conhece Max Costa, um dançarino nascido nos subúrbios portenhos, homem marcado pela profunda ambição e pelo desejo de romper com as convenções.
Cria-se um estranho relacionamento entre os três, convivência que navega, ao sabor das ondas, entre o sensual e o dramático. E sempre sob o tom melódico, cadenciado do tango, ritmo que exige do intérprete alguma coisa mais do que a perícia - malícia, ginga, jogo de cintura e até uma certa irresponsabilidade interpretativa.
"O tango é a forma musical mais plástica para se mostrar o sexo entre um homem e uma mulher, vestidos e na vertical", comenta Pérez-Reverte. "Por conta disso, eu me dediquei muitas horas na escrita, caçando adjetivos e advérbios certos, buscando moldar o diálogo do romance até chegar à mesma sensualidade no ritmo das palavras."
Ferrenho admirador dessa música essencialmente argentina ("Frequentei muitos salões de dança em Buenos Aires, onde admirava os casais"), o escritor espanhol desenvolveu uma curiosa teoria sobre o tango - para ele, é errônea a ideia de que o homem é quem comanda os passos. "Essa é a impressão clássica, mas, basta observar com atenção para se descobrir que é a mulher que tece uma teia de insinuações, geometria, sentimentos."
O TANGO DA VELHA GUARDA - Autor: Arturo Pérez-Reverte. Tradução: Luís Carlos Cabral. Editora: Record (392 páginas, R$ 39,90).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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