O suingue dos dois lados do Atlântico

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Por Redação
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De hoje a domingo, o Old Billingsgate Market, à margem do Tâmisa, será palco de vertentes expressivas da música africana e suas diásporas. Trata-se do festival brasileiro Back2Black, que já teve edição aqui e faz sua estreia internacional, visando a traçar paralelos entre o suingue de lá e o suingue de cá. Na escalação, veteranos e expoentes atuais dos dois lados do Atlântico. Criolo, Emicida, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Luiz Melodia, Amadou & Mariam, Femi Kuti, Toumani Diabaté e Mulatu Astatke. O Brasil é o grande foco da curadoria, e naturalmente traz os dois nomes mais expressivos de seu hip hop, Criolo e Emicida. O primeiro, já conhecido em palco internacional pelo público do Coachella, reforça em Londres sua relevância como uma das vozes mais criativas da música brasileira. O segundo chega após um ano badalado, e dá sequência às primeiras faíscas substanciais de sua carreira fora do País. O incensado disco Nó na Orelha, de Criolo, foi resenhado pelo Guardian recentemente, e recebeu elogios como "fora de série". "Há uma contundência poética em suas rimas, 'ganância vibra, a vaidade excita', enquando as canções refletem o caos da favelas em que Criolo cresceu", escreveu o crítico Neil Spencer. O show de Criolo será um dos mais disputados, pois o rapper brasileiro toca em parceria com o lendário jazzman etíope Mulatu Astatke. Se há algum diálogo a ser estabelecido neste Back2Black londrino, este gira mais em torno de Mama África e Brasil do que qualquer outra coisa. Só a ponta esquerda do continente mãe traz feras como Femi Kuti, filho de Fela - que se apresentou recentemente em São Paulo, na Virada Cultural - o duo Amadou & Mariam e o tocador de kora Toumani Diabaté. Femi faz shows vibrantes dentro dos moldes da música de seu pai. Amadou & Mariam trazem suas fusões de ritmos e cânticos do Mali com música contemporânea. E o griot mestre (músico e guardião de história oral) Diabaté representa a arrebatadora tradição musical do Mali com sua kora, uma espécie de cítara, ou harpa, do Oeste Africano. A cantora Fatoumata Diawara representa a nova geração do país africano. Outras linhagens da dita black music também serão representadas, mas com menos relevância. Roots Manuva, o veterano rapper inglês, marca presença, assim como a cantora de soul Macy Gray e o expoente do reggae britânico Dennis Bovell. / R.N.

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