Em Cannes, na coletiva após a exibição do filme de abertura - O Grande Gatsby - para a imprensa, o diretor Baz Luhrmann disse que o astro Leonardo DiCaprio passou boa parte do filme lhe perguntando, com alguma ansiedade - "Estamos honrando o livro?". O livro em questão é o clássico de F. Scott Fitzgerald sobre a obsessão de um certo Jay Gatsby por reencontrar e seduzir a mulher que amou na juventude, e que virou o farol a guiá-lo na travessia das dificuldades da vida. Mais que uma personagem, Daisy Buchanan é um ideal, um sonho do homem. E, por isso, nem chega a ser curioso que, em todas as adaptações do romance - a de Luhrmann é a quarta -, 'Jay' tenha sido sempre interpretado por um astro, um galã, e Daisy por uma atriz insossa, sem grande brilho pessoal.O Gatsby de Luhrmann, no filme que estreia hoje, é DiCaprio e sua Daisy, Carey Mulligan, talentosa, por certo, mas não dotada de magnetismo. Daisy existe pelo olhar de Gatsby. Luhrmann lembrou, em Cannes, que Fitzgerald colocou o ponto final de seu romance enquanto Zelda, seu grande amor, o traía na praia com um amante de ocasião, não muito distante do local onde hoje se localiza o palais do Festival de Cannes. Estava escrito: "Este filme tinha de estar na Côte d'Azur", vaticinou o diretor.