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O som da bola

Futebol e música fizeram um casamento longo e feliz no Brasil, como mostra o livro do jornalista Beto Xavier

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Som e bola - essa dupla de classe tinha tudo para dar certo no Brasil. E deu. A tabelinha está registrada em Futebol no País da Música (Panda Books) do jornalista Beto Xavier. Ao longo de 276 páginas, Beto, que cobriu como profissional inúmeros festivais da canção e é torcedor do Grêmio de Porto Alegre, refaz essa história feliz da música que comenta o esporte favorito dos brasileiros.Uma relação que começou lá atrás, como ele registra em pesquisa que lhe custou 15 anos de trabalho, e aponta o choro 1 a 0, de Pixinguinha, como uma espécie de marco inicial, não apenas pela importância da música em si, mas pelo fato de comemorar a primeira grande conquista internacional do Brasil. Com esse placar miúdo sobre o Uruguai, gol do mitológico Arthur Friedenreich, a seleção ganhou o Campeonato Sul-americano de 1919, em partida dramática no Estádio das Laranjeiras, que levou o País ao delírio. Comovido, Pixinguinha compôs a música em homenagem ao escrete e deu-lhe o apertado placar como título. A música receberia letra, de Nelson Angelo, apenas em 1993, no disco A Vida Leva, no qual ele divide o vocal com um craque da MPB, Chico Buarque, Fluminense apaixonado e boleiro de fim de semana em seu time, o Politheama. 1 a 0 pode ser a pedra fundamental desse relação. Mas há quem diga que ela começou antes. "Há uma música chamada Amadores da Pelota, de 1912, cuja gravação se perdeu", conta Beto em conversa com o Estado, "e não há certeza de que se referia mesmo ao futebol, pelo que pesquisei em arquivos." Assim, pouco se conhece dessa pré-história da relação entre música e futebol no Brasil. Em todo caso, a história, propriamente dita, é riquíssima, quase inesgotável, como testemunhou o pesquisador em seus vários anos de trabalho. "O livro cita mais de mil músicas relacionadas ao futebol, e isso porque nem prestei tanta atenção assim aos hinos dos times, porque senão o trabalho seria inesgotável", diz. Isso porque o mais pobre dos times de esquina pode nem ter um jogo de camisas decente, mas tem seu hino. Como são milhares espalhados pelo país, seria inviável conhecê-los e listá-los. Mesmo alguns grande clubes têm mais de um hino, como é o caso do Santos, cuja música mais cantada pela torcida, Leão do Mar, sequer é o oficial do clube.

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