O escritor Mark Twain, morto há 100 anos, pouco antes de completar 75, é celebrado no momento em que seu país carece, e muito, de sua verve crítica. Além de reinventar a literatura norte-americana com As Aventuras de Huckleberry Finn, Twain foi um satirista, pioneiro da narrativa de viagens e um consumado performer, em palestras que fazia por todo o território dos Estados Unidos. Seu Os Inocentes no Estrangeiro, de 1869, continua a ser o mais vendido relato de viagens de um autor da América. Ele admitia ser um moralista disfarçado e condenava a falta de clareza na linguagem com a mesma indignação com que condenava o imperialismo na política externa de Theodore Roosevelt.
O primeiro volume de sua autobiografia completa, cuja publicação foi autorizada por Twain só no centenário de sua morte, vai ser lançado pela Bancroft Library, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
O arquivo do escritor com fortes ligações com o Sul americano, onde nasceu, e a Nova Inglaterra, lugar em que passou boa parte do final da vida, foi parar na Califórnia em 1949 por causa da amizade de sua filha Clara com um acadêmico da universidade local. Clara, a última descendente direta de Twain, nascido Samuel Langhorne Clemens, morreu em 1962.
Desde 2004, uma equipe de editores liderada por Robert Hirst (autor de Quem É Mark Twain?) decifra e organiza milhares de páginas da autobiografia que o primeiro escritor-celebridade dos Estados Unidos começou a planejar ainda aos 40 anos (leia entrevista nesta página). O volume 1 sai no mês que vem, com Harriet Elinor Smith à frente da edição. Os volumes 2 e 3 não têm data marcada para lançamento, mas devem ser publicados até 2013.