O saldo da ótima versão brasileira

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Lia Wyler foi uma leitora privilegiada da saga Harry Potter - tradutora encarregada de verter a obra ao português para a editora Rocco, ela enfrentou bravamente a missão, mesmo dividindo a opinião de jovens leitores, ora inconformados com a supressão de detalhes, ora elogiando boas sacadas como a palavra quadribol."Muitas críticas foram feitas em cima da obra como um todo, esquecendo que as traduções foram feitas em velocidade, exigindo muita concentração e ritmo, e acompanhando o fluxo da criação da própria autora. Sendo assim, não foi incomum que num determinado livro surgisse um detalhe que parecia insignificante, que no livro seguinte se provaria relevante, com seus contornos de sua criação mais nítidos, mais claramente interpretáveis", disse. "Eu não teria traduzido o nome das casas nos primeiros livros, embora fossem traduções pertinentes e autorizadas pela autora, se soubesse que ela iria posteriormente explicar que eles derivavam dos sobrenomes dos fundadores."A tarefa incluiu criar neologismos, como fez a autora dos livros, J.K. Howling. "Achei os neologismos ótimos, divertidos e criativos. Foram muitos os que me agradaram recriar. Mas algumas recriações tiveram sabor especial", afirma ela, que adorou palavras como "estrunchar" ou "explosivins". Nesse trabalho, Lia tentou "repetir" a alquimia da própria Rowling. Terminada a tradução do último volume, Lia sofreu um AVC, do qual vem se recuperando. "Durante o período de recuperação, pude perceber que a tradução habitava meus sonhos e imaginação muito mais do que eu poderia ter pensado. Harry Potter estava em mim. E isso foi assustador."

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