Uma das explicações mais evidentes é a de que a crise não afetou os mais ricos, que procuram avidamente novas formas de investimento, em mercados menos afetados do que o sistema financeiro americano e europeu e voltam naturalmente seus olhos para os mercados ditos emergentes: em primeiro lugar a China, cujo mercado de arte apresenta valorizações astronômicas; e, evidentemente, o Brasil. Além de porcentagens e cifras animadoras, é preciso estar atento para a contaminação especulativa cada vez mais evidente do mercado. Esse sentimento foi expresso de forma precisa pelo agente da Bonhams, Anthony McNerney, em depoimento ao jornal The Independent: "Quando há muitos anos comecei na Christie's, os clientes perguntavam-me sobre o trabalho e o artista. A partir de finais de 2007, começaram a perguntar: quanto é que isto me vai custar e quanto é que vai valer". Triste sina para um país com instituições culturais frágeis, que ficam à mercê de um sistema, cuja dinâmica ávida e concentradora está muito além de suas possibilidades.