O ranking da Restaurant

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Por Olivia Fraga
Atualização:

Em menos de dez anos, o ranking de restaurantes organizado pela revista inglesa Restaurant tornou-se um radar gastronômico mais comentado que as lendárias estrelas Michelin ou qualquer outra listagem do gênero.

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Ligado às tendências e ao burburinho foodie, que conduz hordas de gourmands a almoços e jantares em lugares nada óbvios - da Catalunha à Cidade do México, de São Paulo a Copenhague - o prêmio da Restaurant faz barulho ao comparar restaurantes do mundo todo sem identificar filiações (as diferenças entre comida espanhola, amazônica e peruana se diluem), ligando pontos nada óbvios no mapa-múndi da gastronomia. Está mais conectado à era da informação rápida, de fotos e textos compartilhados em redes sociais e dos favoritismos de fim de semana.

Falar em lista, aliás, é quase uma ingenuidade. O 50 Best é, acima de tudo, uma competição. O anúncio do ranking em Londres lembra o Oscar - tem até tapete vermelho antes da entrega. A cerimônia é elétrica, com gritinhos, palmas e pódio festejado. Para os chefs, é garantia de casa cheia por pelo menos um ano.

Patrocinada por uma marca de água mineral italiana (San Pellegrino), a premiação da Restaurant provocou resposta quase imediata no sisudo Michelin, que concentrava suas avaliações pela Europa e hoje já avalia cidades como Chicago, Nova York e Tóquio.

Ao longo de sua história, o 50 Best evidenciou a supremacia catalã nas primeiras posições. Era divertido ver o El Bulli de Ferran Adrià (Espanha), o French Laundry, de Thomas Keller (EUA), e o Fat Duck, do inglês Heston Blumenthal, os favoritos da lista, revezarem-se no pódio. Foi assim por quase toda a última década, até o dinamarquês René Redzepi colocar o Noma, de Copenhague, no topo da lista. Curioso também notar que, em 2002, o 4° lugar já estava nas mãos de um latino-americano, o argentino Francis Mallman, dono do restaurante 1884, em Mendoza.

Desde 2005, a Restaurant concede prêmio por conjunto da obra, reverenciando nomes cravados no cânone - na cerimônia deste ano, o homenageado será Alain Ducasse. Outro tributo lembrará a carreira de Nadia Santini, do restaurante Dal Pescatore (Mântua, na Itália).

Entre os 900 membros que compõem o júri do 50 Best, divididos em 26 regiões pelo mundo, há jornalistas, críticos, donos de restaurante e cozinheiros. Há um jurado-líder em cada região, encabeçando o time de 36 votantes. A crítica que se faz ao sistema de votação é quase a mesma que se faz ao Michelin: o guia francês não exige que o inspetor visite o restaurante todos os anos. No ranking da Restaurant, chefs podem votar em si mesmos e em colegas, sem a necessidade de comprovar que comeram nos restaurantes escolhidos.

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Ainda assim o prestígio e o alcance do ranking continua crescendo: no final de fevereiro, a Restaurant divulgou o ranking de 50 melhores restaurantes da Ásia, e prometeu para setembro o anúncio da lista latino-americana.

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