
27 de maio de 2013 | 10h29
O diretor de O que Traz Boas Novas, Philippe Falardeau, pode se gabar de ser muito original em sua abordagem desse universo. Situa-se no Canadá francês, o Quebec, um dos modelos de civilidade do mundo. Mesmo lá, tragédias acontecem, e uma professora, Martine, aparece morta de modo inesperado, e em plena sala de aula.
Dadas as circunstâncias, ninguém quer substituir a mestra. A classe, compreensivelmente, está traumatizada; é mais que um luto e existem outros sentimentos dos alunos em relação à professora desaparecida.
Então aparece um candidato à vaga, um argelino, Monsieur Bachir Lazhard (Mohamed Fellag, ótimo). Surge com um belo currículo, mas, como se verá, ele também não é um professor convencional. Não está no Canadá apenas para melhorar de vida e, como mestre, tem lá seus procedimentos pouco usuais na época da nova pedagogia. O que dizer de um professor que reintroduz noções básicas de disciplina, adota Balzac como texto de ditado e manda colocar as carteiras em linha reta e não mais no círculo democrático em que estavam dispostas?
Lazhard pode parecer um conservador e mesmo um reacionário em meio a novos métodos educacionais. No entanto, ele tem seus trunfos: coloca o interesse dos alunos acima de tudo, dá-lhes uma referência e, heresia, faz com que a garotada se abra e fale sobre aquilo que a escola inteira prefere calar - a morte da professora.
O QUE TRAZ BOAS NOVAS - Título original: Monsieur Lazhar. Direção: Philippe Falardeau. Gênero: Drama (Canadá/2011, 94 min.). Classificação: 14 anos.
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