O profeta chega para polemizar

O ator Adel Benchérif acompanha no Rio a exibição do grande filme de Jacques Audiard, chamado de colonizado

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

 

 

Escola do crime. Cadeia de O Profeta, com Niels Arestrup e Tahar Rahim, o aprendiz ambicioso

 

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          Há uma polêmica no ar. O Profeta, de Jacques Audiard, filme francês de gângsteres premiado em 2009 em Cannes, e depois concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro - perdendo para o argentino O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella -, seria, ou é, um exemplar de cinema colonizado. O diretor e roteirista Jacques, filho do também diretor e roteirista Michel Audiard, teria copiado fórmulas hollywoodianas de gângsteres (e sobre o universo carcerário) para realizar o poderoso filme que estreia nas próximas semanas, mas que você já pode assistir no Festival Varilux do Cinema Francês.

Justamente em Cannes, no ano passado, Jacques Audiard já se antecipara à acusação. Para ele, o tipo de drama étnico que narra não poderia ser mais francês, pelos próprios personagens envolvidos. Mais do que um filme de gângsteres tradicional, O Profeta é sobre a cadeia como escola do crime, um debate que atualmente divide os franceses (e não deixa de estar presente em Carandiru, de Hector Babenco, no Brasil). De volta ao tema da "colonização", há uma tradição francesa que consiste em buscar em Hollywood um modelo que será "europeizado". Jean-Pierre Melville era mestre em fazer isso em seus policiais. O Samurai, com Alain Delon, é um clássico - que o diretor de O Profeta idolatra.

Jacques Audiard foi precedido por Jean-François Richet, que, em O Inimigo Público Número 1, contou a história do mais midiático dos criminosos franceses, Jacques Mesrine. Interpretado por Vincent Cassel, ele apareceu em dois filmes, que formavam um díptico. Na trilhas aberta por Richet/Cassel, veio O Profeta, sobre Malik, jovem de ascendência árabe que vai para a cadeia e se torna protegido de um gângster (Nils Arestrup). O filme mostra como Malik abre seu caminho no crime pesado, até se tornar chefão. Tahar Rahim, que faz o papel, foi o grande vitorioso do César, o Oscar francês deste ano. O filme de Jacques Audiard ganhou nas categorias principais, mas ele foi duplamente vitorioso, recebendo as estatuetas de melhor ator e também a de melhor esperança (o astro do futuro).

Quem está no Brasil participando do Festival Varilux, pelo filme, é Adel Benchérif, ator que faz o amigo - e aliado - do personagem de Tahar Rahim. Pouco conhecido no Brasil, é ótimo. Ontem, às 9 da noite, conversou com o público do Estação Ipanema, no Rio, após a projeção de O Profeta. O festival não apenas promove exibições e encontros do público com os artistas. Ontem, houve, no Rio, um encontro de produtores brasileiros com a diretora da Unifrance - que promove o cinema francês no mundo -, Régine Hatchondo, para discutir parcerias. Brasil e França assinaram um acordo durante o Festival de Cannes. Lúcia Murat, Paulo Betti e Sara Silveira foram alguns dos participantes que buscam viabilizar logo esse acordo.

O PROFETA

Reserva Cultural. Av. Paulista, 900, 3287-3529. Sáb., 18h20; dom., 15h50

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Unibanco Arteplex.

R. Frei Caneca, 569, 3472-2365. 3ª, 17h30;

4ª, 15h50;

5ª, 20h10.

Preços:

R$ 13/ R$ 20

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