22 de julho de 2010 | 00h00
Na África do Sul é clara essa divisão entre o poder real, que continua nas mesmas mãos brancas, e o domínio dos negros sobre os mitos, os ritos, as artes e até a memória do país. Na cidade de Durban estão fazendo uma espécie de higienização do passado, substituindo todos os nomes de ruas e praças que lembrem os tempos coloniais por nomes de lideres e guerreiros nativos e heróis da luta anti-apartheid. Nesta ocupação do imaginário do país cometem alguma injustiças. Vi poucas referências lá a, por exemplo, Nadine Gordimer, cujo prêmio Nobel de literatura se deveu em boa parte à sua oposição corajosa ao apartheid. O próprio J.M.Coetzee, hoje o mais conhecido escritor sul-africano, outro ganhador do Nobel e crítico do regime racista, também não parece ter o reconhecimento que merece - ou então eu é que não procurei direito.
E você não consegue evitar a impressão de que, na África do Sul como na América Latina, também existe um acordo tácito entre o real e o imaginário, e que a elite branca entrincheirada nos seus condomínios fechados cedeu tudo aos negros, inclusive a sua História, para preservar o poder verdadeiro.
Os campeões. Rescaldo da Copa. Quem via o Sérgio Ramos entrando pela direita como um ponteiro clássico não podia acreditar na escalação oficial da seleção espanhola, em que ele aparecia como lateral. O destaque de Sérgio Ramos no ataque sublinha uma injustiça que se fez à defesa espanhola, ofuscada pelo brilho de Xavi, Iniesta e David Vila. O ataque brilhou mas fez poucos gol. Quem segurou os resultados e ganhou a Copa foi a defesa, com Puyol, Xabi Alonso, Pique, Busquets, Capdevila. E o metido Sérgio Ramos. Enquanto isso, Maicon raramente fez o que faz melhor na Inter, que é ir fundo como ponteiro. Maicon acreditou na sua escalação oficial.
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