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O palácio de Carlito

A 'invasão' de um suntuoso templo pela arte conceitual confirma: a Bahia está de olho na produção contemporânea

Por Camila Molina
Atualização:

 

Árvore. Uma aroeira no alto do hall de entrada do Palácio da Aclamação: viva e brotando, faz parte da mostra do artista. Foto: Carlito Carvalhosa e Carolina Veiga / Divulgação

 

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A arte contemporânea invadiu o palácio. Já no suntuoso hall de entrada, uma árvore aroeira brota no ar e se mantém suspensa e frondosa. É só o começo. Quando o visitante chegar ao salão de banquete, vai encontrar cinco postes gigantescos de madeira cruzando a sala de ponta a ponta. E a aventura palaciana não para por aí. A partir de hoje, o Palácio da Aclamação, em Salvador, construção do século 19, abriga uma série de ações escultóricas do artista Carlito Carvalhosa. Monumentalidade e poética a serviço de dar um "giro na percepção" das pessoas. Com afrescos, lustres de cristal e decoração que remetem ao "sonho da burguesia", o Palácio da Aclamação foi durante 55 anos a residência oficial dos governadores da Bahia, transferida em 1967 para o imóvel Alto de Ondina. Desde então, o edifício de luxo foi usado para hospedar personalidades - entre elas, em 1968, a Rainha Elizabeth II da Inglaterra. Como espaço museológico e histórico, pode ser visitado pelo público. Seguindo o Roteiro para Visitação - título da exposição que Carvalhosa inaugura às 19 horas - o público vai poder conhecer ainda um inusitado salão de baile sem espaço para bailar: o artista encheu a área com 220 toras, transformando-a num labirinto de peças encravadas. "O edifício já é uma invasão - uma verdade europeia trazida para um lugar tropical. Pensei que se eu colocasse coisas dentro do prédio entraria no espírito dessa invasão", diz o artista. "Mas tenho a impressão de que, se esses elementos ficassem aqui por mais tempo, poderiam se transformar em habitantes naturais do prédio. É uma experiência que lida com a memória de outra forma", continua Carlito.

  

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