
11 de julho de 2013 | 02h11
Ele é um daqueles italianos da linha do Umberto Eco (mas bem melhor do que o protótipo), comentaristas culturais que combinam erudição cornucópica com pensamento original e proporcionam uma leitura fascinante para quem tiver paciência com alguns trechos obscuros, quando a erudição e a criatividade se tornam um pouco demais - pelo menos para este cérebro combalido. O romancista e ensaísta Italo Calvino e o crítico literário Franco Moretti são do mesmo time. A obra de Calasso (para ficar só nos livros traduzidos para o português, todos, acho eu, pela Companhia das Letras) inclui As Núpcias de Cadmo e Harmonia, um estudo da mitologia grega; Ka, sobre a mitologia hindu; K, sobre o Kafka; As Ruínas de Kasch, um longo ensaio sobre a Europa dos séculos 18 e 19, concentrado na figura do estadista francês Talleyrand, que conseguiu servir à revolução francesa, a Napoleão e à restauração dos Bourbons sem perder a cabeça ou o prestígio; Os Quarenta e Nove Degraus e A Literatura e os Deuses. É de Calasso um texto chamado A Loucura Que Vem das Ninfas, que inclui o melhor comentário sobre o Lolita do Nabokov, já publicado.
Enfim, foi um dos melhores intelectuais que já pisaram nas pedras de Paraty sem chamar muita atenção, embora, como Oscar, merecesse todas. A mesa dele foi mediada pelo excelente Manuel da Costa Pinto. Este sabia com quem estava falando.
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