
16 de março de 2011 | 00h00
Foi uma surpresa para você que Senna tenha recebido o prêmio do público em Sundance?
Não tínhamos assessoria de imprensa, éramos um grupo reduzido e Senna não parecia um personagem atraente para muitos. A surpresa foi constatar que, sim, o nome dele se constituía num chamariz muito grande, mesmo nos EUA. Um espectador viajou de carro, na neve, mais de um dia para assistir ao documentário com a família. Logo se instalou um boca a boca. No limite, foi o personagem que atraiu o público.
Os americanos têm a mesma curiosidade que os brasileiros pela vida íntima de Senna?
É interessante que você faça essa pergunta. Só os brasileiros se interessam pela vida íntima de Senna, pelo que ele era ou não. Para o público internacional, o que persiste é a lembrança do corredor. Senna foi um piloto excepcional e sua rivalidade com Alain Prost marcou uma era da F-1. Quando me propuseram fazer o filme, não sabia muito, quase nada sobre o personagem. Meu pai foi o primeiro a se entusiasmar. Senna virou um mito das pistas, e não apenas no Brasil, embora para vocês ele tenha um significado todo especial.
Foi difícil achar o viés narrativo?
Tinha muito material de arquivo. Pela primeira vez, trabalhei basicamente com material que não filmei. A estrutura narrativa mudou muito. Cada nova descoberta me levava a um novo enfoque. No fim, creio que Senna está no filme, com sua complexidade.
Ele gostaria do filme?
Do que descobri, Senna não era homem de ficar vendo filmes. Quando não estava correndo, ele gostava de sair para atividades na natureza. Jo Ramirez, que foi coordenador da McLaren, me deu a visão mais abrangente desse Senna mais íntimo, que os brasileiros ainda tentam decifrar.
SENNA
Direção: Asif Kapadia. Universal. 105 min.
R$ 44,90
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