Onze minutos é o tempo médio de uma relação sexual. A estimativa não é de nenhum instituto de pesquisa, mas sim do escritor Paulo Coelho - que, com base no cálculo, deu o nome para seu novo livro, Onze Minutos (editora Rocco, 255 páginas, R$ 29,50). Com a publicação, que chega às livrarias no dia 3, o colecionador de best sellers realiza um desejo antigo de escrever sobre sexo. "Há muito tempo quero escrever sobre o assunto. É um tema complicado, pois é a única situação em que a pessoa mente com boas intenções", diz. "Fingimos prazer para não decepcionar o parceiro, simulamos orgasmos..." O livro registra a marca recorde de 200 mil exemplares de tiragem inicial - número que surpreende se for levado em conta que, normalmente, os lançamentos nacionais saem com aproximadamente 3 mil cópias. Mas, no caso de Paulo Coelho, a superação de marcas já se tornou rotina em sua carreira. Seus dez livros anteriores venderam, juntos, 54 milhões de exemplares em 150 países e foram traduzidos para 56 idiomas. Nem o recorde de tiragem nem a perspectiva de superar ainda mais sua marca de exemplares vendidos, no entanto, comovem o escritor. Ele garante que não alimenta expectativas e que, quando escreve, preocupa-se apenas em ser honesto com ele próprio. "Não penso nisso porque este tipo de preocupação dispersaria a minha atenção daquilo em que eu realmente tenho que me concentrar", diz. "Minha única expectativa é comigo mesmo." Ele nem se preocupa, por exemplo, se seu público leitor - acostumado com as dissertações voltadas para o universo do esoterismo - vai estranhar a opção pela temática sexual. "Em Verônica Decide Morrer eu descrevi muito livremente uma cena de masturbação e o meu público aceitou bem", lembra. "O estranhamento partiu de professores da Inglaterra, onde meus livros são recomendados como material didático. Imagino que ´Onze Minutos´ não poderá ser lançado no Irã, onde tenho muitos leitores, mas vou fazer o quê?" Sexo ideal - Coelho diz que, embora cultivasse um desejo de escrever sobre a relação da humanidade com o sexo, não conseguia vislumbrar uma maneira para fazê-lo. "Eu não conseguia visualizar uma história. Quando recebi o manuscrito de uma prostituta em um hotel na Itália, em 1997, a idéia começou a amadurecer", conta. O escritor leu as anotações e recomendou sua publicação à sua editora - que preferiu não lançar o material. Três anos depois, em Genebra, Coelho veio a conhecer a autora do manuscrito, conhecida como Sonia. Ela o levou para a zona de prostituição, onde distribuiu autógrafos para várias outras prostitutas. Uma delas, Maria, acabou por trazer uma experiência de vida que inspirou a história contada em Onze Minutos. "Não é uma biografia mas o relato dela serviu de fio condutor para o livro", explica o autor. Na ficção, a personagem Maria (que herdou o nome de guerra da prostituta do mundo real) sai em busca de um sonho. Aos 17 anos, ela sente que nunca conseguiu, em suas relações, uma satisfação completa para o corpo e a alma. Seu objetivo, então, é encontrar alguém que lhe dê esse duplo prazer. Na vida real, atualmente, Maria é casada e tem dois filhos. Ela, inclusive, leu o livro em 2002 e relatou suas impressões ao autor. "Ela disse que gostou e considerou o livro uma mistura de várias pessoas." Para Coelho, a busca da personagem protagonista de Onze Minutos corresponde ao desejo sexual da humanidade. "Eu acho que o sexo ideal é alcançado quando corpo e alma se integram. Esse é o desafio constante de qualquer ser humano", aposta o escritor que, apesar de tanta certeza, diz que nunca alcançou tal integração. "Eu? Não, não, de jeito nenhum. Ainda estou correndo atrás disso."