O lado sombrio do amor, no novo livro de Patrícia Melo

Escritora lança hoje Valsa Negra, com a história de um maestro que sofre um ciúme doentio pela namorada 30 anos mais nova

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Por Agencia Estado
Atualização:

A escritora Patrícia Melo lança hoje na Livraria Cultura do Conjunto Nacional seu novo livro, Valsa Negra, que narra a história de um maestro às voltas com um ciúme doentio pela namorada, uma musicista de sua orquestra, 30 anos mais nova do que ele. "Precisava de um personagem que tivesse um aspecto autoritário, a necessidade de controle absoluta sobre as coisas. E para um maestro, isso é importante, sentir o controle sobre seus músicos e o ato de fazer música", diz Patrícia ao Estado, explicando sua escolha de personagem. Sua intenção ao escrever Valsa Negra era tratar do ciúme. "Se o amor é uma espiral crescente, o ciúme é uma espiral decrescente", explica. "Vejo o amor como o lado luminoso do ser humano. E, assim, o ciúme ganha status do lado perverso, da imaginação negra do amor. E serve, na história, para mostrar que esse maestro é o maior inimigo de si próprio, desperta nele a força destrutiva do ser humano." Nessa preocupação aparece um elemento importante, presente em toda a obra de Patrícia Melo. Algo que ela prefere não chamar de "visão pessimista", apesar de não enxergar com otimismo os caminhos do homem, "um ser confuso, sem referências éticas, sem controle sobre o que criou, no olho do furacão de uma revolução tecnológica". Sua intenção ao escrever sobre "o lado sombrio do amor" foi discutir o poder de criação e destruição do homem. Com um ritmo menos cinematográfico do que o de outros de seus livros, e tendo como foco principal os dramas psicológicos do personagem, Valsa Negra guarda com seus últimos títulos, no entanto, algumas semelhanças. É aquilo a que ela já se referiu como a influência do trabalho de Rubem Fonseca, responsável por trazer "a vida precária à literatura". Patrícia explicou recentemente, durante palestra na Feira Literária Internacional de Paraty, que a violência nunca lhe atraiu como objetivo final, mas sim como o reflexo da crueldade e desse ímpeto destrutivo do homem. E o mesmo pode-se dizer do maestro retratado em Valsa Negra. "Acho que a literatura pode criar novas possibilidades. Em Paraty, ouvi uma palestra de Ferreira Gullar, que disse algo muito interessante: que a arte tem a capacidade de reinventar o homem. Gosto dessa idéia." Valsa Negra. De Patrícia Melo. Cia. das Letras. 244 páginas. R$ 32,00. Hoje às 18h30. Livraria Cultura/Conjunto Nacional. Avenida Paulista, 2.073, tel. 3170-4033.

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