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O irrepreensível El Camino é revigorante

Por Crítica: Jotabê Medeiros
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Toda vez que alguém vier com a balela de "o rock está morto", uma pedra do tamanho do Black Keys vai cair na cabeça do blasfemo. Presente em quase todas as listas de melhores do ano passado, El Camino tem produção de Danger Mouse (codinome de Brian Burton) - o que poderia ser um mau negócio, já que a batida inventada por Mouse empesteou demasiado o pop recente, começando pelo seu Gnarls Barkley.Mas é um álbum irrepreensível. Da velocidade vertiginosa de Lonely Boy até o violão acústico de Little Black Submarino, passando pela marcação (típica de You Really Got me Now, dos Kinks) em Money Maker, tudo se encaixa. El Camino dá um drible desconcertante nos pastiches e revigora a mística de música crua e direta do rock'n'roll, reinstalando os princípios básicos do gênero. Foi gravado nos lendários estúdios Muscle Shoals, no Alabama, com os garotos embalados pelos velhos discos da cantora Bobbie Gentry (a dupla mudou-se depois para Nashville, atraída pela facilidade de achar microfones alemães dos anos 1950 e outras raridades da era analógica). El Camino é um disco que revitaliza certas fontes imaculadas do rock, como The Sweet, T-Rex, Cars, Gary Glitter, e o faz com desconcertante intimidade. Os coros de Dead and Gone e Nova Baby, cerâmica perfeita, vieram para mostrar que a farra do rock nunca vai terminar.

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