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O <I>pas de deux</I> de Ana e Alexandre

Por Agencia Estado
Atualização:

A dupla de bailarinos mineiros faz tratamento intensivo no Centro de Atendimento Médico do festival para conseguir enfrentar a apresentação desse sábado. Ela, com problema no pé e ele, nas costas. Ana Caroline foi classificada em primeiro lugar em três modalidades. Com Alexandre, dançou o pas de deux Diana e Acton. Ana Caroline tem 23 anos e começou a dançar aos 3 anos, portanto está completando 20 anos ininterruptos de carreira. Com simplicidade mineira ela diz que "receber este prêmio para mim é uma realização muito grande. São muitos anos de trabalho e não só pelo prêmio, mas pela relação com a platéia." E acrescenta "O prêmio de Joinville é reconhecido no país inteiro, então é uma consagração nacional". "Dança é minha paixão". Ela faz curso de Psicologia na FUMEC, de Minas Gerais, e sempre estudou balé com a coreógrafa Cristina Helena, conhecida reveladora de talentos do festival, como os bailarinos Fernanda Diniz e André Valadão, agora em carreira internacional. Nascida em Belo Horizonte, Ana Caroline tem dois irmãos mais velhos mas nenhuma história de balé na família. Começou porque a mãe colocou-a na escola cedo. E tem uma carreira respeitável na dança. Enquanto faz fisioterapia sob os cuidados de Cláudio Vezaro, para contornar sua faceite plantar e sua tendinite do flexor do halux, ou seja, sobrecarga de exercícios no pé que causam um processo inflamatório nesses locais. "Sempre participei de concursos. E já ganhei várias medalhas. É a décima vez que venho a Joinville e já ganhei o segundo lugar na categoria solo, em 1994. Mas como solista este ano foi o meu, a minha consagração". Ela está prestes a viajar para a França, representando o Brasil, com o namorado, o bailarino cubano José Antonio Ramos, como resultado do prêmio do Curso Brasileiro de Dança (CBDD). "Já viajei muito dançando", conta. "Fui para Cuba, Finlândia, Rússia, Nova York, Argentina. "Morei oito meses em Viena. Ganhei uma bolsa da Ópera de Viena, em 97, do diretor da escola Michael Birkmeyer, e fui solista da companhia. Na Rússia, passei 45 dias fazendo um curso no Balé Bolshoi em 94. Em 95 fui para a Finlândia participar do festival de dança de Helsinque, do qual fui semi-finalista. Em 96 fui semi-finalista de um concurso em Nova York e lá fiz cursos em escolas como a Jofrey Ballet", conta. A dura vida de Alexandre Silva - "Eu danço desde os 11 anos e sempre clássico. Foi a minha vida, a única coisa que eu aprendi", diz Alexandre Silva, de 21 anos, mineiro de Belo Horizonte, também aluno da Escola Sesiminas desde a fundação. Alexandre só conseguiu terminar os estudos do primeiro grau. "Sustento a família com o dinheiro da minha dança, porque meus pais se separaram quando eu tinha 18 anos". Ganha R$ 1 mil mensais para ele, a mãe, a irmã e a sobrinha. Em Belo Horizonte já conquistou muitos prêmios e por duas vezes conquistou o primeiro lugar no Sesicapezio, o mais importante da capital mineira em 96 e 98. O prêmio de um desses concursos era uma bolsa de estudos na França, o que poderia projetá-lo no cenário internacional, mas a responsabilidade com o sustento da família impediu-o de viajar. A primeira vez que ele veio a Joinville foi para fazer um espetáculo especial de abertura do evento em 1997. Já em 98 e 99 competiu e ganhou segundo lugar em clássico de repertório grand pas de deux. Desta vez ele quase foi impedido de dançar em conseqüência de uma lesão sacro ilíaca, ou seja, na região lombar, que teve ao chegar em Joinville. E mais uma vez o fisioterapeuta Cláudio Vezaro, do Centro Integrado de Fisioterapia de Joinville, resolveu o problema e continua tratando o bailarino para que ele possa se apresentar no sábado. Não foi o problema mais grave enfrentado por Alexandre. Em 95, durante um salto ele quebrou a tíbia e teve que fazer uma cirurgia e passou a dançar tendo parafuso, arroela e porca no joelho. Ainda assim passou no concurso mineiro de 96 dançando Corsário. "Agora fiquei bom, só sobrou uma arroela", diz.

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