O enigma Julio Iglesias

Infiel convicto, o maior latin lover diz que só faz sucesso porque quer todas as mulheres ao mesmo tempo

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Por Julio Maria
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Assim que grudou na primeira barra de saia de sua vida, a da própria mãe, Julito Iglesias percebeu que gostaria de passar os restos de seus dias nos braços de uma mulher. Ou de várias. Moleque bom de bola, foi jogar futebol até vestir a camisa de goleiro do Real Madri, de onde só saiu depois de sofrer um acidente de carro, no início dos anos 60. O desejo da bola se foi, o das mulheres não. Incurável romântico, aos 68 anos, casado, deseja simplesmente todas. E acredita ser esta a combinação que desvenda o enigma de seu império. Julio Iglesias, segundo a última contagem, tem 200 milhões de discos vendidos no mundo - seu par direto, Roberto Carlos, tem 120 milhões -, fez mais de 4 mil shows em 50 cidades do mundo e, nos anos 80, uma música sua era tocada nas rádios a cada 30 segundos. A Som Livre faz a ele uma espécie de tributo ao lançar Julio Iglesias Volume 1, uma coleção no sentido mais romântico do termo, com El Día Que me Quieras, Me Esqueci de Viver, My Love (com Stevie Wonder). O Julio dos palcos não é diferente deste que fala com o Estado ao telefone. Um galanteador que investe até em sua secretária assim que ela lhe passa o telefone.Secretária: Olá, só um minuto que o senhor Julio Iglesias vai falar, ok?Julio Iglesias: Eu tenho uma secretária como assistente. Ela é muito bonita, muito bonita mesmo.Estadão: Imagino, o senhor deve ter assistentes bonitas.Sim, mas esta é bonita mesmo, muito bonita... Mas vamos lá, me diga você: quantos anos você tem?Trinta e oito.Sim, e sua mãe, me diga, o que sua mãe diz sobre mim?Ela gosta de você, mas gosta também do Roberto Carlos.Ela é uma mulher de muito bom gosto.Há uma conexão natural entre fãs de Roberto e seus fãs, não?Sim, somos almas gêmeas. Falamos de desamores, das nostalgias da vida.Mas ao contrário do Roberto, o senhor tem uma carreira mais sedimentada no romantismo.Roberto foi roqueiro nos anos 60, soulman nos 70...Não, Roberto sempre foi um romântico. Às vezes mais pop, às vezes mais rock, mas sempre cantando o desamor. Sempre um romântico, no sentido mais amplo da palavra.O senhor canta em alguns idiomas. Qual o melhor para falar de amor?O idioma materno. É nele que seu espírito e seu coração estão juntos. Mas digo que cantar em português emocionado é mais difícil do que cantar em italiano ou francês.Quando começamos a entrevista, o senhor, que é casado, cortejava sua secretária... É possível amar uma só pessoa a vida toda?Não, impossível. Amo minha mulher até minha última terminação nervosa, mas confesso a você que jamais fui fiel.Jamais?Jamais. E digo que fidelidade, meu caro, é uma coisa relativa. Veja: você está casado?Sim.É apaixonado por sua mulher?Sim.Então, quando anda pela rua sozinho e vê uma mulher bonita, não olha para ela?Todos olham...E não gostaria de agarrá-la?Eu? Bem...(Risos) Você também é um pobre e infeliz infiel igual a mim (risos). Quero ver você escrever em seu jornal: "sou um pobre e infiel como Julio Iglesias".Mas quantas mulheres o senhor já teve?Quero todas as mulheres que me olham. Não há nada mais bonito do que querer. Querer é mais importante do que ser querido. Querer é ativo, ser querido é passivo. Este é o negócio. Sou querido porque quero muito. Se não tivesse desejos, seu país não iria me querer tanto.É por tanta vaidade que o senhor odeia ter o lado esquerdo do rosto fotografado?Uma das coisas importantes na vida é saber sobre si mesmo antes que os demais saibam. Meu lado direito é melhor do que meu lado esquerdo porque meu nariz fica pior visto desse ângulo. Não é vaidade, é proteção.O senhor, que foi jogador de futebol, como viu o fim da carreira de Ronaldo?Ele foi e é um gênio. Mesmo gordinho jogava mais que os jogadores magros.Maradona ou Pelé?Pelé.Messi ou Neymar?Messi.Julio Iglesias ou Roberto Carlos?Chico Buarque.

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