Instituições culturais estagnadas nãosão novidade em São Paulo. Algumas delas já tiveram vida ativa egrande movimento, mas hoje estão fechadas ou em compasso deespera. É o caso do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, no Morumbi.Criado por Pietro Maria Bardi, abriga a Casa de Vidro, projetoda arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) tombado pelo Iphan no dia9 de dezembro como patrimônio nacional. A Casa de Vidro, erguidaem 1951, é uma edificação modernista comparada à famosa Casa daCascata de Frank Lloyd-Wright nos Estados Unidos, um marcoarquitetônico. Após a morte de Bardi e Lina, disputas familiarestruncaram seu desenvolvimento.A última exposição realizada pelo instituto foi a mostra Lina BoBardi Arquiteto, inteiramente importada da Itália, onde foramontada originalmente. A administração buscou recursos de R$ 710mil com base na Lei Rouanet para cobrir custos, mas nãoconseguiu patrocínio. Atualmente, a maior atração da instituição a própria Casa de Vidro, não recebe visitantes. Desde 2 deoutubro, estão suspensas as visitas para obras de revitalização,que prevêem descupinização do seu interior e das peças do acervo além de reparos em pontos de infiltração nas lajes e paredes.Curiosa situação também vive a Galeria Prestes Maia, na Praça doPatriarca, hospedeira do incógnito Masp-Centro. A reforma dos 6mil m² da galeria já consumiu mais de R$ 6 milhões, mas suavocação - a de se abrir para o centro de São Paulo - jamais seconcretiza. A última proeza da administração foi vetar apassagem pelo seu interior dos visitantes da mostra Anish Kapoor do CCBB, alegando insegurança.No ano passado, o Museu da Imagem e do Som realizava um show domúsico Matt Costa. Blecaute no bairro, e descobriu-se que nemgerador tem a instituição, que é do Estado. E o Museu doFolclore? 30 mil peças e 5 mil livros, alguns recolhidos porMário de Andrade, vagam por galpões da Prefeitura, em busca delugar ao sol. Na cultura da politicagem, prepondera apoliticagem da cultura. Ou a miopia.