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O Brasil do século 19, pelo olhar de Marc Ferrez

Mostra reúne imagens e equipamentos do importante fotógrafo do período

Por Agencia Estado
Atualização:

Como fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geográfica e Geológica do Império, Marc Ferrez (1843-1923) teve o privilégio de poder percorrer o Brasil como poucos naquela época. "Ele nunca teve um estúdio profissional e desde o início de sua carreira optou pela fotografia de paisagem, pela documentação em campo aberto", diz Sergio Burgi, coordenador da área de fotografia do Instituto Moreira Salles (IMS) e curador, ao lado do diretor superintendente do IMS, Antonio Fernando De Franceschi, da mostra O Brasil de Marc Ferrez - Fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles, que acaba de ser aberta na Galeria de Arte do Sesi. Além do apuro técnico do grande fotógrafo do século 19 e início do século 20, consagrado como o melhor dessa época no Brasil, e da beleza das imagens do passado, é possível acompanhar e recuperar por meio de suas obras "a história da fotografia, suas transformações tecnológicas e estéticas, pela produção de um único fotógrafo", como diz De Franceschi. Escolha pela fotografia feita em campo aberto Esta é a mais ampla exposição realizada em torno da produção de Ferrez. Em 2005, quando ocorreu o Ano Brasil na França, uma mostra feita pelo IMS no Museu Carnavalet, em Paris, foi um dos destaques da programação. Antes, mas aproveitando a ocasião, foi lançado um belo livro sobre a obra do fotógrafo - e também foi apresentada na sede carioca do IMS uma exposição. Mas agora, em São Paulo, "O Brasil de Marc Ferrez" reúne muitas outras preciosidades nunca exibidas: além de mais de 350 fotos, uma grande sala especial foi preparada no centro da Galeria do Sesi com todos os equipamentos usados por Ferrez - inclusive, uma grande câmera com a qual ele fazia suas famosas panorâmicas do Rio de Janeiro -, vitrines com oito negativos originais em vidro e suas primeiras imagens coloridas, realizadas por volta de 1915, e explicações técnicas para o público entender o processo de sua fotografia - entre elas, Burgi conta também que o IMS reproduziu imagens em papel albuminado, técnica do século 19 feita a partir de clara de ovo e exposição da imagem ao sol. O acervo de fotografia do IMS, guardado e pesquisado majoritariamente na sede do Rio, é um dos mais ricos do País. Nessa coleção, o grande destaque é o acervo de milhares de imagens em torno da obra de Marc Ferrez, doado em 1998 pelo neto do fotógrafo, o historiador Gilberto Ferrez - ele também doou equipamentos, os diários do fotógrafo e obras de outros criadores. De família de origem francesa, Marc Ferrez nasceu no Rio. "Artista de dois séculos", com uma produção de mais de 50 anos, além de fotógrafo inteligente, que adequava técnicas para conseguir reproduzir temas no máximo de sua maestria, ele teve um cinema. Rio é tema preferido do artista Tendo a capital carioca como casa, é ela, com sua natureza exuberante, um dos temas prediletos do artista. Mas paisagens de todo o País foram registradas por ele: cachoeiras de várias localidades - uma delas está reproduzida em imagem de quase 5 metros de altura -, Recife, a floresta de araucária no Paraná, entre tantas outras - curioso que sempre o fotógrafo coloca a figura humana no plano para nos mostrar a escala de grandeza das belezas naturais. Outros temas também lhe são caros fotografados em suas missões: construções das estradas de ferro fazendas de café e minas de ouro, Porto de Santos, embarcações da Marinha Imperial. Em passagens por São Paulo, documentou a cidade que crescia, mas vale destacar também os retratos, de personalidades, da família real, de índios e negros e de vendedores ambulantes, na rua, em pleno trabalho. Além da mostra na Galeria de Arte do Sesi, o IMS apresenta em seu espaço no bairro de Higienópolis uma exposição com fotos de Ferrez e fotógrafos contemporâneos a ele, como Georges Leuzinger e Revert Henry Klumb. Marc Ferrez. Galeria de Arte do Sesi. Av. Paulista, 1.313, 3146-7405. 3.ª a sáb., 10 h/20h (dom. até 19 h). Instituto Moreira Salles. Rua Piauí, 844, 3825-2560. 3.ª a 6.ª, 13 h/ 19h (sáb. e dom. até 18 h). Até 4/3

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