
04 de dezembro de 2011 | 03h06
Em 1950, dois filmes polarizaram a disputa pelos Oscars - A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, que ficou com os principais prêmios, e Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder. Um filme sobre os bastidores do teatro e outro sobre os do cinema. Dois anos mais tarde, Hollywood de novo ocupou o foco de outro filme nem um pouco lisonjeiro sobre a indústria do cinema.
Assim Estava Escrito, de Vincente Minnelli, chama-se The Bad and the Beautiful, no original. Malvados e belos. Kirk Douglas faz o produtor que, logo no começo, precisa de ajuda para se reerguer. Seguem-se, em flash-back, as histórias do diretor, do roteirista e da estrela que ele usou, e descartou.
Barry Sullivan, Dick Powell e Lana Turner são os intérpretes dos papéis. Narrado em formato de puzzle - quebra-cabeças -, o filme reproduz a estrutura fílmica do cultuado Cidadão Kane, de Orson Welles. Nenhum segmento, isolado, é definitivo na definição do caráter de Jonathan Shields - é o nome do personagem -, mas os três, juntos, totalizam o retrato de um narcisista sem escrúpulos.
Shields é o que se chama de personagem à clef, reunindo caractertísticas de vários magnatas que fizeram história em Hollywood. Os mais notórios são Val Lewton, o lendário renovador do cinema de horror, e o obsessivo David Selznick, de ...E O Vento Levou. Assim estava Escrito recebeu cinco Oscars, incluindo roteiro adaptado, fotografia e atriz coadjuvante (Gloria Grahame). Dez anos mais tarde, Minnelli fez A Cidade dos Desiludidos, que não é bem uma continuação, mas tem tudo a ver com o cartaz da TV paga.
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