O amigo culto do 'Führer'

Joachim Fest traça perfil de Albert Speer, o arquiteto predileto de Adolf Hitler

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Por Ubiratan Brasil
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Terminada a 2.ª Guerra, um dos alemães mais procurados pelos aliados foi Albert Speer - não por conta de crimes abomináveis, mas por ser justamente um estranho no ninho nazista. Culto, Speer (1905-1981) foi ministro dos armamentos e o arquiteto preferido de Hitler. O interesse dos vencedores da guerra era resgatar um homem decente transformado em instrumento do mal.Único dos nazistas a admitir sua culpa no Tribunal de Nuremberg, Speer rascunhou uma autobiografia. Como o original estava desconexo, o editor Wolf Siedler convidou o historiador Joachim Fest para interpelar Speer. Como já planejava escrever uma grande biografia de Hitler (Nova Fronteira, 1989), Fest percebeu que teria o privilégio de tratar com uma testemunha de primeiro plano. Assim surgiu Conversas com Albert Speer, lançado agora pela mesma Nova Fronteira.A decepção de Fest com as evasivas de Speer repercutem no livro. Ele revela sua irritação com a tática do arquiteto de trocar de assunto ou de se confessar incapaz de prosseguir num tema. Um grande dilema moral incomodava Speer, como se a sombra da destruição nazista o encobrisse em demasia.Mesmo assim, o livro permite, a partir de sua colcha de retalhos, esboçar um perfil do que foi a relação entre o arquiteto e o Führer. Speer nega, por exemplo, que houvesse um componente homoerótico no relacionamento. A verdade é que se chegou a ventilar que o arquiteto vinha sendo preparado para ser o novo Führer. o que ele - atenção - não nega nesta obra.

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