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Novela recupera expressões de época

Por Agencia Estado
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A explosão cultural dos anos 20 será enfatizada na nova novela das seis, O Cravo e a Rosa. Em muitas das falas dos personagens, o autor Walcyr Carrasco acrescenta alusões a famosos escritores e artistas que fizeram a história da arte moderna no País. "São comentários que os personagens fazem de acordo com cada situação, como por exemplo, falar sobre algum artista conhecido na época", explica Carrasco, que no roteiro de O Cravo e a Rosa já citou Tarsila do Amaral, Casemiro de Abreu e até Camões. Em 1927, ano em que se passa a novela, São Paulo ainda sentia os efeitos positivos da histórica Semana de Arte Moderna de 22, vivendo uma efervescência sócio-cultural. Em O Cravo e a Rosa, Carrasco ressalta o contraste entre as modificações e conquistas culturais da sociedade urbana, através do comportamento avançado de Catarina (Adriana Esteves), com a forma retrógrada de pensar do fazendeiro Petruchio (Du Moscovis). A fonte de inspiração para Carrasco e sua equipe é preciosa. Em busca da formatação mais adequada da linguagem da novela, o autor leu muitos textos de Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e mesmo Monteiro Lobato. "Mas não foram os livros infantis", avisa. "Nem todo mundo sabe, mas Lobato também tinha muitas obras de conteúdo adulto, e até romances predominantemente eróticos", explica. Estribo de bonde - Se você está interessado em uma senhorita perfilada, mas ela tem ares galantes e não te acha um sujeito batuta, não tenha dúvidas: mande-a passear na beira de um telhado! Se você não entendeu patavina da frase anterior, é melhor se acostumar. Esses são alguns dos termos que estarão presentes em muitos dos diálogos criados para a novela. Uma intensa pesquisa histórica sobre a linguagem e expressões utilizadas na época foi levantada pela produção da novela. Muitas das expressões usadas até hoje já eram comum nos anos 20. Em contrapartida, muitas palavras devem voltar a fazer parte do vocabulário do brasileiro por causa da nova produção global. Sujeito batuta, louco varrido, grã-fino, no duro, encrenca, acesso de pugna (raiva), arre égua! e homessa! (puxa vida!) também já existiam naquela época. Palavras como tetéia, formosa e melindrosa, usadas para se referir à belas moças, contrastarão com termos que, na época, eram usados com um sentido pejorativo. "Por exemplo, as moças de comportamento duvidoso eram chamadas de estribo de bonde, porque todo mundo punha a mão", explica Carrasco. Termos como almofadinha (certinho demais), fiteiro (paquerador) e capitalista (ganancioso), entre outros, eram citados pelas mulheres para definir o comportamento dos rapazes.

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