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Novas dimensões

Produção do primeiro filme 3D brasileiro marca início de uma nova fase

Por Flavia Guerra
Atualização:

Não é exagero afirmar que o cinema nasceu em 3D. “Basta lembrar que foi com uma experiência dos irmãos Lumière para tentar captar o movimento de um trem que tudo começou”, comenta Pedro Guimarães, que assina a direção de fotografia de Se Puder... Dirija!, o primeiro ‘live action’ 3D brasileiro, que estreia hoje. Cidadão americano, Guimarães mora em Los Angeles há mais de duas décadas, mas nasceu em Brasília e sempre sonhou em filmar no Brasil. O que parecia um desejo distante, já que sua especialidade é a direção de fotografia 3D, tornou-se realidade quase que por acaso. “Foi por meio de um amigo que viu um anúncio de um filme brasileiro procurando profissionais para rodar no Rio um longa em 3D”, conta Guimarães ao Estado. “Ele lembrou de mim na hora. Liguei para a Walkíria (Barbosa, produtora de ‘Se Puder... Dirija!’), e assim começou a história”, acrescenta ele, que divide a direção de fotografia do longa com Nonato Estrela. Ainda que não seja um típico filme 3D, do tipo que arremessa no espectador cenas de ação vertiginosas, Se Puder... Dirija! entra para a história do cinema nacional por seu pioneirismo. Há quem se pergunte o porquê de uma comédia para a família, coprodução da Total Filmes com a Miravista (subsidiária latino-americana da Disney), ter sido rodada em 3D. É a produtora Walkíria quem responde: “Porque, além das cenas de carro ficarem mais bacanas, este é um filme simples, cuja estrutura é perfeita para começar. Estrear em uma produção complicada, com muitas cenas de ação, efeitos especiais etc, seria arriscado”. Guimarães concorda. “É melhor andar primeiro antes de correr. O Brasil tem profissionais competentes, mas que precisam aprender mais. É um processo”, comenta ele, que contou com um assistente americano para o trabalho. “O País vai investir cada vez mais no formato. O mercado tende a crescer”, aposta o diretor de fotografia, que veio ao Rio diversas vezes ministrar workshops no Festival do Rio. Se depender do parque exibidor nacional e do público, a aposta tem potencial. Somente a rede Cinemark possui, num total de 508 salas em território nacional, 214 equipadas com projetor 3D. Adhemar de Oliveira, diretor dos cinemas do circuito Espaço Itaú de Cinema, também vê no 3D tendência que chegou para ficar. “Este formato não vai ser o único. Isso porque a escolha de como filmar e exibir depende muito do tipo do longa. Por isso, o 2D continua, mas o 3D já é uma constante. De cerca de 20 filmes que estreiam no País por mês, três são 3D. Com a entrada do Brasil neste mercado produtor, isso vai aumentar”, diz o exibidor, para quem o 3D é uma alternativa à pirataria. “A experiência sensorial que o formato oferece só é possível no cinema. Por isso, o preço mais caro compensa e atrai o público.” Além dos filmes típicos em 3D, blockbusters e infantis, o cinema autoral também tem bebido na fonte e salas do circuito mais cult também têm aderido ao formato. “Tivemos sessões lotadas de A Caverna dos Sonhos Esquecidos, de Herzog, Pina, de Wim Wenders, Contos da Noite, Disque M para Matar...”, contam a programadora Simone Yunes e o gerente Gilson Parker, do Cinesesc, que programaram para janeiro de 2013 a estreia de 3X 3D, de Peter Greenaway, Jean-Luc Godard e Edgar Pêra.

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