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Nova onda mudou tudo na frança

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Foi um dos movimentos mais importantes da história do cinema, como o expressionismo alemão e o neo-realismo italiano. Na segunda metade dos anos 1950, a França era um país de velhos. Governantes, artistas, todos eram de terceira idade. Do outro lado do Atlântico, nos EUA, Hollywood celebrava a juventude transviada de James Dean, Elvis Presley era o rei do rock. Foi nesse quadro que uma geração de críticos, agrupada na revista Cahiers du Cinéma, fez a passagem para a direção. Eram todos jovens. Forjaram a expressão "nouvelle vague", nova onda, que se insurgia contra a velha onda. O rótulo veio de um artigo de Françoise Giroud, em 1958, na revista L"Express, em que ela falava de novas tendências, não só no cinema.A nouvelle vague foi antecipada por um artigo emblemático de François Truffaut, em que ele demolia a tradição de qualidade do cinema francês dos veteranos. Para Truffaut, era um cinema esclerosado, de regras fixas. Até para ir contra eles, os diretores do que passou a ser chamado de "a nova onda" tiraram o cinema francês dos estúdios e o colocaram na rua, filmando com equipamento leve - câmeras portáteis, acopladas de gravadores que permitiam captar o som direto. Os filmes não revolucionaram apenas o método de produção.Anarquistas de direita? Além de baratos - e inventivos -, eram autorais, feitos por críticos que manifestavam sua cinefilia, por meio de homenagens e citações. E eram jovens de classe média ou pequeno-burgueses, que se interessavam mais por seus problemas afetivos do que pela política. Uma crítica frequente que se faz à nouvelle vague é a de que seus autores seriam anarquistas de direita. Eles se politizaram - e esquerdizaram - depois. Jean-Luc Godard é o caso mais clássico, com sua evolução de O Pequeno Soldado para A Chinesa.Roger Vadim antecipou o movimento e lançou Brigitte Bardot em E Deus Criou a Mulher, em 1956. A nouvelle vague teve outros precursores - Alexandre Astruc, Jean-Pierre Melville.O ano de 1959 é o oficial de sua fundação, com os filmes de François Truffaut, Os Incompreendidos, e Alain Resnais, Hiroshima, Meu Amor. Claude Chabrol foi da nova onda desde o começo, com Godard, Eric Rohmer e Jacques Rivette, entre outros. Da França, o movimento ganhou outros países e inspirou movimentos como o Free Cinema e o Cinema Novo.

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