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Nova direção do Museu Lasar Segall anuncia planos

Por Agencia Estado
Atualização:

A arte-educadora Denise Grinspum é a nova diretora de um dos museus mais queridos dos paulistanos, o Lasar Segall, cujo antigo diretor, Marcelo Araújo, saiu para assumir o comando da Pinacoteca do Estado há pouco mais de um mês. Denise é funcionária de carreira do museu, onde atuou na área educativa por quase 20 anos. Agora, na tranqüila casa modernista da Rua Berta, na Vila Mariana, a recente ocupante do cargo administra uma instituição dona de 3.008 obras originais do pintor expressionista de origem lituana Lasar Segall (1891-1957) - parcela mais representativa de sua extensa e valiosa obra artística, a começar pelo desenho Retrato de Mulher, de 1905, até a pintura em aquarela e guache Floresta (1956). Denise tem trabalhado mais de 12 horas por dia, incluindo sábados e domingos, para concluir a transição. Ela, que assumiu oficialmente na sexta-feira, embarca na noite de hoje para a Cidade do México a fim de inaugurar, amanhã, uma grande retrospectiva com 150 trabalhos de Segall. Segundo Denise, a prioridade do Lasar Segall em sua gestão será incrementar o setor de arte-educação, uma das vocações mais bem-sucedidas da história do museu. "Cada vez mais, a principal tarefa de qualquer centro cultural é ajudar o visitante a se relacionar de forma inteligente e criativa com a arte, uma de nossas preocupações desde a fundação", afirma ela. O museu, idealizado por Jenny Klabin Segall, viúva do pintor, foi criado em 1967 por seus filhos Mauricio Segall e Oscar Klabin Segall. Mudanças bruscas de percurso não fazem parte da rotina do Segall. "A política de exposições é clara, foi construída ao longo de muitos anos e não será alterada: pesquisar e divulgar a obra de Lasar Segall no Brasil e no exterior, apresentá-la de maneira crítica e estabelecer diálogos com a produção contemporânea de artes plásticas." Na contramão da tendência dominante que chegou ao Brasil sob a forma de megaexposições em pacotes, que em geral vão parar no Masp ou na Pinacoteca, o Lasar Segall privilegia um contato mais direto e qualitativo com seu público, sem se preocupar apenas com os números de visitação. Que, entretanto, não foram poucos para um museu monotemático: 20 mil pessoas no ano passado. "O Segall deve ser um espaço de resistência a essa massificação", acredita Denise. Sobre a acirrada disputa que as instituições travam pelas verbas estatais e da iniciativa privada, que deu origem a uma espécie de ditadura do marketing dentro das instituições, ela avisa: "O museu precisa participar deste mercado, mas sem fazer concessões em seus objetivos fundamentais, e sempre tendo em vista o nosso público. Não vamos associar obras de arte a produtos." As empresas que costumam destinar parte de seus recursos para o museu são Petrobras, Instituto Takano e, mais recentemente, a Hewlett-Packard. A HP forneceu terminais de computador e cinco aparelhos Jornada (espécie de palm-top de última geração) para a ação educativa da exposição Lasar Segall: Síntese de um Percurso, que exibe, até o fim do ano, 30 obras. Os recursos educacionais do Jornada permitem uma interação virtual dos visitantes com as obras e estabelece um percurso crítico através da mostra. O aparelho coloca questões e exige a participação ativa do espectador. Em maio, o Lasar Segall inaugura duas mostras que tratam da relação estética entre o artista alemão Otto Dix (1891-1969) e o expressionismo de feições brasileiras produzido por Segall em São Paulo. Eles se conheceram em Dresden, ao fim da 1.ª Guerra. Serão expostas 35 gravuras de cada artista, voltadas para o tema da crítica social. No Museu de Arte Brasileira da Faap ocorre Otto Dix e Lasar Segall - Visões de Guerra, composta por 50 gravuras de Dix e 74 aquarelas de Segall. O ambiente de calma que impera no Lasar Segall, instalado na antiga residência-ateliê do pintor, dos anos 30, não faz juz à sua intensa atividade na última década, que o transformou em um dos museus mais ativos e eficientes do País. A instituição tem investido em sua proposta de levar a obra de Segall ao conhecimento de grandes platéias no Exterior e já realizou individuais do artista no Staatliche KunstHalle de Berlim (1990), na Gëmalde Galerie, em Dresden (1990), no Smart Museum of Art de Chicago (1997), no Jewish Museum de Nova York (1998) e no Musée d´Art et d´Histoire du Judaisme, em Paris (2000).

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