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Nos curtas, a incubação de uma fase inovadora

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Por Redação
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São nove curtas-metragens muito diferentes entre si. Em comum, o desejo explícito de inovar, típico daquela época. A maior parte deles, situa-se entre os anos 1957 e 1958, período de incubação da nouvelle vague. Três exceções: 24 Heures de la Vie d"Um Clown (24 Horas na Vida de Um Palhaço), de Jean-Pierre Melville, é de 1946. L"Amour Existe (O Amor Existe), de Maurice Pialat, é de 1961. E Le Laboratoire de l"Angoisse (O Laboratório da Angústia), é posterior, de 1971.Qualidade à parte, o maior interesse histórico dessa coleção reside nesses filmes feitos nas vésperas da eclosão da nouvelle vague. Há dois de Godard: Tous les Garçons s"Appellent Patrick (Todos os Rapazes se Chamam Patrick), de 1957, e Charlotte et Son Jules (Charlotte e Seu Namorado), de 1958. São dois trabalhos de muito frescor. Fazem antever o cineasta que, dois anos depois, ficaria célebre com seu primeiro longa, Acossado, de 1960. São histórias de relacionamentos amorosos, contadas de maneira ágil. No primeiro, o mesmo conquistador (Jean-Claude Brialy) paquera duas moças na mesma manhã sem saber que elas são amigas e moram juntas. No segundo, um tipo valentão (Jean-Paul Belmondo) passa uma descompostura na garota que mora com ele, numa espécie de monólogo cheio de graça e irreverência. Quem conhece bem o cinema francês estranha a voz de Belmondo. Mas, ao mesmo tempo, reconhece como familiar a voz que sai da boca do ator: é que Belmondo não estava em Paris na época da dublagem e teve de ser substituído pelo próprio Godard. Quando não havia recursos, se improvisava.Em Une Histoire d"Eau (Uma História de Água), Godard e Truffaut assinam juntos a direção. Usando como pretexto uma inundação na região parisiense, contam as peripécias de uma garota que tenta chegar a Paris e se envolve com o rapaz que lhe dá uma carona. A criatividade dos cineastas faz com que aproveitem um episódio real, dando-lhe tratamento documental e, ao mesmo tempo, nele inserindo uma trama ficcional. / L.Z.O.

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