No rumo certo, em busca do equilíbrio ideal

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Por Redação
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Vira e mexe cita-se o espírito de Eleazar de Carvalho quando se fala do Festival. Em seus quatro anos, Roberto Minczuk repetiu à exaustão o mantra de que devolvia ao Festival "o espírito de Eleazar". Agora, Silvio Ferraz e Paulo Zuben, responsáveis por esta 41.ª edição, fazem o mesmo explicitamente no material de divulgação. Só que adequadamente e com consistência. Afinal, Minczuk retomou de Eleazar apenas o gosto pela grandiosidade dos concertos. E reincidiu no erro, ao continuar forçando os bolsistas a trabalhar de modo insano só para brilhar no grandiloquente concerto final com a orquestra.Será que, depois de 41 anos, chegamos ao ponto de equilíbrio ideal? Parece. A programação de concertos tem fogos de artifício garantidos para o grande público. E tem seu eixo em outra conquista da dupla Zuben-Ferraz: a Osesp finalmente se instala como orquestra residente e faz nove concertos. Providência óbvia, retardada por picuinhas pessoais/políticas das internas.O maior resgate do espírito de Eleazar é o destaque à música contemporânea. Ele sempre lutou pela música viva ? e é gratificante ver um programa de fato estruturado de educação musical dos 170 bolsistas. Quatro semanas é o tempo ideal. Duas para música de câmara; e duas para prática de orquestra. O repertório do concerto final concretiza os princípios de Zuben-Ferraz: O Pássaro de Fogo, de Igor Stravinski; Timbres, Espaces, Mouvements, do francês Henri Dutilleux, vivíssimo em seus 94 anos; e As Quatro Estações Porteñas, de Astor Piazzolla. Isto é: a primeira, de 1910, é obra-chave do século 20; a segunda é de 1978, portanto tem 32 aninhos de vida; e a terceira é de 1964-70. Jamais a música do concerto de encerramento esteve tão próxima de nós no tempo. Isso é inédito. E sensacional. A lamentar, só três importantes deslizes: repetir Gervasoni como professor de composição é privar os alunos de conhecer novas propostas a cada ano; extinguir a figura do compositor-residente e eliminar o curso de regência são pontos negativos. / J.M.C.

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