NO REINO DA MAGIA

Estreia na cidade a versão do clássico O Mágico de Oz, após uma carreira de sucesso no Rio

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Por Ubiratan Brasil
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Tão logo a bruxa verde, queixuda e nariguda entra em cena, o público se sente à vontade, como se já conhecesse aquele personagem. "Quem pensar na Dercy Gonçalves não estará enganado, mas com um detalhe: sem palavrões, portanto, liberada para menores", diverte-se o diretor e tradutor Claudio Botelho, ao se referir à interpretação de Heloisa Périssé como a Bruxa Má do Oeste, um dos trunfos do musical O Mágico de Oz, que estreia hoje, no Teatro Alfa, após uma carreira de sucesso no Rio.

"Heloisa como a bruxa é um acontecimento, pois ela traz aquele clima de brasilidade que sempre buscamos em nossos espetáculos", conta Botelho que, ao lado de Charles Möeller, vem assinando os principais musicais realizados no Brasil nos últimos anos. "E o escracho a la Dercy é um show à parte."

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De fato, Heloisa ocupa o espaço com um humor brejeiro, ao mesmo tempo infantil e malicioso. Ela substitui, na temporada paulista, Maria Clara Gueiros, que, também afiada no humor, conferia um estilo particular ao papel. "Sempre fiquei impressionada com a Clarinha, pois ela é uma ótima frasista - se alguém anotasse tudo, escreveria um livro - e isso dava um toque especial ao mal humor da bruxa", conta Heloisa, que se diverte quando sua performance faz lembrar Dercy Gonçalves, comediante que, aliás, ela interpretou de forma brilhante, no ano passado, em uma minissérie da Globo. "Como minha bruxa é espalhafatosa, dá muita gargalhada, as pessoas podem fazer a ligação", comenta. "Mas prefiro dizer que ela é, na verdade, bipolar."

A atriz não se considera exímia cantora. "Sou apenas afinada, nada mais. Se me comparar com o elenco realmente de musical, fico no chinelo", brinca ela, que só cantou no palco, no início de carreira, em espetáculos infantis. Como Bruxa, ela, na verdade, não é tão exigida vocalmente - o trabalho está na caracterização. Para ficar praticamente irreconhecível, Heloisa é submetida a um detalhado processo de maquiagem, que lhe consome um bom par de horas. "Por sorte, uso uma máscara verde que me permite não ter todo o rosto pintado", conta ela, que se sentiu plenamente caracterizada quando a própria filha não a reconheceu.

A montagem paulista de O Mágico de Oz traz outra novidade no elenco: a presença de André Torquato como o Espantalho, na vaga ocupada por Pierre Baitelli. Apesar de jovem (19 anos), Torquato já ostenta um currículo de veterano, pois participa de seu quinto musical. "Ele é um talento nato", elogia Botelho. "E esse papel é muito delicado, pois o Espantalho é discretamente desajeitado, o que exige uma longa construção nos ensaios."

O musical acompanha as aventuras de Dorothy (Malu Rodrigues), que leva uma vida pacata com os tios Henry (Fernando Vieira) e Ema (Bruna Guerin) em uma fazenda no Kansas. Após um tornado, ela - acompanhada de seu cachorro Totó - vai parar em Oz, onde conhece o Espantalho, o Homem de Lata (Nicola Lama) e o Leão Covarde (Lúcio Mauro Filho). Juntos, seguem em busca do Mágico de Oz (Luiz Carlos Miéle).

Esse é o último musical que Möeller e Botelho criam para a Aventura, empresa de entretenimento à qual estiveram ligados desde sua fundação - agora responsáveis pela direção artística da GEO Eventos, eles têm outros projetos, especialmente uma estreia no cobiçado mercado americano (veja no quadro).

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A Aventura, no entanto, continua firme no ramo. Além do Mágico, produz Rock in Rio - O Musical, em cartaz no Rio e que deve estrear em São Paulo em junho, no mesmo Teatro Alfa. "Vamos estrear mais dois espetáculos este ano", conta a diretora de produção Aniela Jordan. "Um musical sobre Elis Regina, escrito por Nelson Motta, e a versão para o palco do filme Se Eu Fosse Você, com direção de Daniel Filho que, para nossa surpresa, é um fanático por musicais." Outra esperada produção será Chacrinha, inspirada na trajetória do Velho Guerreiro, que será dirigida e interpretada por Jorge Fernando.

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