No palco, Guimarães Rosa e Frankenstein

Em Alguma Margem, no Rio é inspirada no conto A Terceira Margem do Rio, e Frankenstein, baseia-se na clássica história do cientista Victor Frankenstein

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Grupo Folias D´Arte e o Ágora CDT (Centro para o Desenvolvimento Teatral), têm algo em comum. Nesses dois teatros há um conjunto de artistas - diretores, atores e técnicos - trabalhando com seriedade para alcançar, no palco, aquele equilíbrio entre beleza, diversão e reflexão que faz a delícia da platéia. Esse é o alvo da equipe de criação dos dois espetáculos que inicia nesta quinta-feira temporada no Ágora - Em Alguma Margem, no Rio - e no Galpão do Folias - Frankenstein. Viviane Dias é a autora do texto de grande delicadeza livremente inspirado no conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa. Na forma de monólogo, será interpretado por Paulo Barcellos, sob direção de Jairo Mattos. Frankenstein tem texto e direção de Reinaldo Maia e foi escrito a partir da clássica história do cientista Victor Frankenstein, vivido por Valdir Rivaben, que resolve imitar Deus e criar a vida. Personagens como Igor e Elizabeth serão interpretados por Gisele Valeri e Janaína Peresan. Uma canoa presa a um tronco de árvore, um pequeno espaço iluminado no palco, um espetáculo curto, 50 minutos, tudo em tom minimalista, porém não raso. Em Alguma Margem, no Rio, um homem revê sua vida durante as horas em que sua canoa fica presa a um tronco no rio. O personagem é um sertanejo e Viviane dialoga com Rosa tanto no urdimento da trama - em meio a histórias de vingança, ciúme e amor há um homem em busca de um sentido para vida - quanto na construção poética. "Guimarães é um autor maravilhoso, mas nem todo mundo ultrapassa a barreira de sua linguagem. Acho que Viviane alcançou o mérito de torná-lo acessível, sem perda de essência", diz Jairo Mattos. Imagens do documentário A Arquitetura da Destruição são projetadas num telão no espetáculo Frankenstein. "Todo mundo conhece a história. O que nos motivou a fazer esse espetáculo foi refletir sobre um mito recorrente na história, em que a ciência investe na utopia da imortalidade", comenta Maia. "E há momentos ainda em que a medicina serve mais à estética do que à cura. Foi assim no nazifascismo, diante dos modelos de beleza grega. E está assim no Brasil de hoje, onde é mais fácil fazer uma plástica do que cuidar de uma pneumonia." Ou controlar a dengue. "A peça permite mil leituras diferentes. Elas não estarão explícitas no palco, mas sugeridas. A idéia é que o público faça as analogias." Serviço - "Em Alguma Margem, no Rio". De Viviane Dias. Direção Jairo Mattos. De quinta a sábado, às 21 horas; domingo, às 20 horas. R$ 10,00. Ágora. Rua Rui Barbosa, 672, em São Paulo tel. (11) 3284-0290. Até 4/8. "Frankenstein". Texto e direção Reinaldo Maia. De quinta a sábado, às 21 horas; domingo às 20 horas. R$ 15,00. Galpão do Folias. Rua Ana Cintra, 213, em São Paulo, tel. (11) 3361-2223. Até 29/9.

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