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Ninguém derruba

Por Roberto Nascimento
Atualização:

Mais um cala boca nos ansiosos a decretarem a morte da guitarra. O rock capenga, é verdade. Pouco se ouve no universo musical contemporâneo que reformule os manjados mandamentos do livro de Keith. Uns aguardam esperançosos por um "novo Strokes", outros decretam o dubstep como a versão atualizada do gênero. Mas longe dos holofotes, em mutações mais específicas e retrodirecionadas, o rock não se dá por vencido, e como a Portuguesa, que vez ou outra sobe à primeira divisão para cutucar os maiorais do futebol paulistano, revela talentos promissores. É o caso da banda canadense Metz, um power trio que toca hardcore nos moldes de Fugazi, Jesus Lizard e Drive Like Jehu. O som do Metz é cru, incisivo e destemido. Não há frescuras. As canções são concisas como as de seus padroeiros. Ao se ouvir uma delas, como Get Off, por exemplo, voltamos ao delírio juvenil desencadeado por um ataque de guitarras irresponsavelmente altas e distorcidas. Um grito de rebeldia reconstituído O nítido entrosamento da banda foi destilado em cinco anos de shows antes de lançar o primeiro disco. O conjunto das gravações soa menos como um disco do que como uma documentário da feroz pegada que a banda exibe ao vivo. Isto é um elogio, pois o disco soa como um aperitivo do que aparenta ser um excelente show. Voltando ao assunto das catacumbas dos power chords, o Metz é um dos destaques de uma leva de bandas que revisitam o rock alternativo noventista com uma intensidade elogiável. A boa dupla Japandroids, que tocou aqui este ano, também está entre estes.

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