Niemeyer recebe título de Cidadão Paulistano

Aos 96 anos, o arquiteto continua trabalhando e sugere a remoção da marquise do Parque do Ibirapuera, que projetou

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Por Agencia Estado
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Oscar Niemeyer está na cidade para receber hoje o título de Cidadão Paulistano, em cerimônia esta tarde no Memorial da América Latina, às 14h30. Autor de obras-chave que marcam a arquitetura da cidade, como o Edifício Copan, o Memorial da América Latina e o Parque do Ibirapuera, ele no entanto chegou meio contrariado. Disse que não pretendia visitar o novo auditório do Ibirapuera, obra que finaliza o complexo de edifícios que projetou em 1954. O veterano arquiteto, de 96 anos (completa 97 em dezembro), não está satisfeito com a proibição - pelos órgãos de patrimônio histórico - de não poder modificar a marquise para liberar a praça diante do novo auditório. "Tô com um problema lá. Nós precisamos tirar a marquise. Eu fui o autor, posso cortar onde quiser, desde que permitam, não é? Porque a marquise está dividindo a praça em duas. É uma besteira tão grande que eu me recuso a ir lá". Ele acredita que, hoje, a entrada principal do auditório requer uma pequena alteração, para permitir que as pessoas tenham livre circulação na frente ao novo edifício. Niemeyer diz que escreveu para os órgãos competentes e "até para a prefeita", e até aquele momento não tinha obtido resposta sobre se permitiriam ou não a modificação. "É uma besteira tão grande. Fazer uma praça com uma marquise no meio." Mas, durante as entrevistas, Niemeyer recebeu uma ligação da Prefeitura, do secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo, comunicando-lhe que sua observação seria levada em conta e a marquise cortada para adequar-se à nova circunstância. "A vida é muito mais importante que a arquitetura", disse Niemeyer. O arquiteto falou sobre o título que receberá em São Paulo - cidade que considera uma das etapas-chave de sua obra. Para Niemeyer, a Pampulha, em Belo Horizonte, marca a primeira fase do seu trabalho. Da Pampulha a Brasília é um segundo salto. Brasília propriamente dita é outro. E, finalmente, São Paulo. "Tive sempre muito apoio aqui. Primeiro, quando fiz o Copan. E depois, o Ibirapuera, o Ciccillo sempre tão entusiasmado. Depois, o Quércia, quando fiz o Memorial da América Latina", ele lembra. "Foi um período muito inteligente, muito entusiasmado. Apenas o auditório do Ibirapuera é que não deu tempo de concluir, por falta de verba." Modesto, como de hábito, disse que é "apenas um desenhista" e a homenagem que recebe é fruto de uma mobilização dos amigos. Niemeyer acaba de entregar uma maquete para o Memorial Leonel Brizola, no Rio (uma encomenda da governadora Rosinha Matheus). Esta semana, recebeu em seu escritório uma junta de sambistas, encabeçada por Martinho da Vila, para discutir detalhes do projeto da Quadra da Escola de Samba Vila Isabel. E enfrentou as 6 horas de viagem do Rio a São Paulo para divulgar a exposição Oscar Niemeyer em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201, tel. 6844-1900), que destaca suas obras na cidade e é organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A exposição vai até 3 de outubro.

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