Ney, da cor do pecado e do desejo, volta ao palco mais intimista

Cantor divulga novo álbum, 'Beijo Bandido', e retoma composições de Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

SÃO PAULO - A bem-sucedida turnê de Inclassificáveis, que durou dois anos, foi um dos pontos altos da carreira de Ney Matogrosso, como ele próprio reconheceu. Foi um show de caráter roqueiro, que também saciou o desejo dos fãs pela exuberância cênica, uma marca pessoal do cantor. Como vem fazendo de um bom tempo para cá, agora ele volta ao palco com um projeto mais intimista. Desta sexta-feira, 13, a domingo no Teatro Bradesco, Ney interpreta as canções de seu novo álbum, Beijo Bandido (EMI).

 

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Embora o material gravado seja um tanto mais suave, "tem muita carga emocional", como diz Ney, principalmente em canções como a deslumbrante As Ilhas (Astor Piazzolla/Geraldo Carneiro), retomada do compacto que acompanhava seu primeiro álbum, de 1976. É a canção que encerra o roteiro do show. Ney já fez algumas apresentações com esse repertório e diz que "não vai ser fácil fazer esse trabalho". "Já senti o drama, fico muito exposto. Exige um esforço vocal que eu preciso estar com a voz descansada, voltada só pra isso", observa.

 

Mesmo não sendo tão performático desta vez, Ney diz que procurou trazer atrativos para o show, como imagens dele trabalhadas e projetadas em um telão ao fundo e duas laterais, em quatro momentos.

 

De Roberto e Erasmo Carlos, ele gravou agora A Distância, ideia acalentada desde que ouviu a versão em italiano no filme Violência e Paixão (1974), de Luchino Visconti. Quem interpretava Testarda Io era Iva Zanichi, não Ornela Vanoni, como foi publicado no Caderno 2 em outubro. "Achei que a hora certa de gravá-la era agora", diz. Outra que ficou na fila foi Mulher Sem Razão (Cazuza/Dé/Bebel Gilberto), faixa esquecida do álbum Burguesia, de Cazuza, que foi alçada ao sucesso por Adriana Calcanhotto em 2008.

 

Com cara de inédita (só foi gravada por um dos autores), A Cor do Desejo (Junior Almeida/Ricardo Guima) é uma das surpresas do disco. Essa e Nada Por Mim (Paula Toller/Herbert Vianna) foram duas que deram "uma aliviada" para tornar menos "sério" e "mais pop" o repertório, que a princípio tinha também Veleiros (Villa-Lobos) e Tema de Amor de Gabriela (Tom Jobim). Outras, como Tango pra Teresa (Evaldo Gouveia/Jair Amorim), Bicho de Sete Cabeças (Geraldo Azevedo/Zé Ramalho/Renato Rocha), De Cigarro em Cigarro (Luiz Bonfá), Invento (Vitor Ramil), de cujos versos Ney extraiu o título do CD, são consideradas por ele, além de As Ilhas, como momentos fortes, que crescem ao vivo. "Não é só canção brasileira, é uma coisa misturada", observa.

 

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Além disso, há a presença do percussionista Felipe Roseno e seus grandes dreadlocks. "Ele veio pelo talento, claro, mas queria um visual mais estranho na banda pra não ficar muito recital, muito careta", diz Ney, que também será acompanhado de Leandro Braga (piano e direção musical), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim). Além das canções de Beijo Bandido, Ney canta Incinero (Zé Paulo Becker), que ele gravou no novo CD do autor, e Da Cor do Pecado (Bororó).

  

Ney Matogrosso. Teatro Bradesco (1.457 lug.). Rua Turiassu, 2.100, Shopping Bourbon, Perdizes, 3670- 4141). Hoje e amanhã, 21 h; dom., 20 h. R$ 80 a R$ 250

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