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Nei Lopes preserva o partido-alto

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Por Redação
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Outro ícone do samba que segue esbanjando vigor criativo na luta pela preservação do gênero mais popular do Brasil é Nei Lopes. Hoje, a partir das 19 horas, o compositor, letrista, cantor, pesquisador, escritor e colunista do Caderno2 + Música dá o pontapé inicial ao projeto Sesc Samba, em Madureira, contando a história de uma das vertentes mais importantes do samba, o tradicional partido-alto.Com curadoria e direção musical do violonista e pesquisador Luís Filipe de Lima, o "âncora" Nei Lopes receberá sempre dois convidados. Na estreia do "desafio dos partideiros", dividem a roda Tantinho da Mangueira e Marcos China. No time de acompanhantes, os craques Luís Filipe de Lima (violão 7 cordas), Sérgio Procópio (cavaquinho), Pedro Miranda (pandeiro), Pretinho da Serrinha, Thiago da Serrinha e Paulino Dias (percussão)."Por acaso, esses dias, vi na TV um documentário sobre a música folk nos Estados Unidos. Foi ressaltado no filme o amplo alcance temático das letras desse tipo de música. Elas falam de tudo: do custo de vida, de problemas familiares, da política... Da vida, enfim. Completamente diferente da música de mercado, da sociedade de consumo, que só falam de amor e sexo. Acho que a importância do partido-alto está aí. Seus improvisos e sua elaboração são o maior atestado de que o samba não é essa coisa bobinha que muita gente, por conta dos maus exemplos, pensa que é", comenta Nei Lopes.O compositor, que tem registrado na história o belo álbum O Partido Muito Alto de Wilson Moreira e Nei Lopes (1985), além de ter criado outros partidos antológicos, como Goiabada Cascão - também com o parceiro em A Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes -, ressalta as peculiaridades dentro do próprio partido-alto, que até hoje causam confusão na cabeça de muita gente. "Há uma diferença entre "partido-alto" e samba "em estilo de partido-alto". Esses, como os que eu fiz com o Wilson, são estilizações. Como também as que Zeca (Pagodinho), Arlindinho (Arlindo Cruz), Dudu (Nobre)- excelentes improvisadores - e outros fazem", explica o sambista, lembrando dos nomes de destaque no gênero conhecido pelos versos de improviso. "Para mim, o Tantinho é, na atualidade, talvez o último remanescente da linhagem de Padeirinho, Candeia, Geraldo Babão, Jorge Zagaia, versadores tradicionais. E o China também é um seguidor dessa tradição, à qual acrescentou, além do talento, a sua contagiante simpatia. Conheci muitos grandes, cada um no seu estilo. Vou citar quatro: Aniceto do Império, Padeirinho (Mangueira), Geraldo Babão (Salgueiro) e Jovelina Pérola Negra", completa Nei Lopes. NEI LOPES - SESC SAMBASesc Madureira. Rua Ewbanck da Câmara, 90, Rio de Janeiro, telefone (21) 3350-77446ª, às 19h. Grátis. Até 9/12

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