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Negligência de chofer e paparazzi matou Diana, diz inquérito

Por PAUL MAJENDIE E ANDREW HOUGH
Atualização:

A princesa Diana e seu namorado, Dodi Al Fayed, foram mortos por causa da negligência do seu motorista e dos fotógrafos que os perseguiam num túnel em Paris, há dez anos, segundo o inquérito britânico aprovado por um júri na segunda-feira. Mais de 250 testemunhas de vários países foram ouvidas ao longo de seis meses de investigação, e as deliberações dos jurados levaram quatro dias. Os príncipes William e Harry, filhos da falecida princesa, agradeceram ao júri "pela forma minuciosa pela qual consideraram as provas". "Concordamos com seus veredictos", disseram eles em nota. John Stevens, ex-chefe de polícia da Grã-Bretanha, disse esperar que o resultado da investigação sepulte de vez as teorias conspiratórias envolvendo a morte de Diana. Na noite em que morreram, Diana e Dodi fugiam de fotógrafos que os aguardavam em motos na porta do hotel Ritz, em Paris. Os paparazzi chegaram a fazer imagens da agonia de Diana depois que seu Mercedes bateu no pilar 13 do túnel Alma. O milionário Mohamed Al Fayed, pai de Dodi, acusa a rainha Elizabeth e seu marido, o príncipe Philip, de terem mandado o serviço secreto matar a ex-nora, para impedir que ela se casasse com um muçulmano e tivesse mais um filho. Em nota após o julgamento, Al Fayed disse: "Não sou a única pessoa que disse que eles foram assassinados. Diana previu que seria assassinada e como isso aconteceria. Então estou frustrado." Ele insistiu que a rainha e o consorte deveriam ter sido intimados a depor, pois "ninguém deveria estar acima da lei". "Sempre acreditei que o príncipe Philip e a rainha possuiriam evidências valiosas, que só eles conhecem." O motorista da Mercedes, Henri Paul, era funcionário do Hotel Ritz, de propriedade de Al Fayed. Paul também morreu no acidente. O chefe do júri disse no tribunal que "o acidente foi causado, ou coadjuvado, pela velocidade e as maneiras do motorista da Mercedes, e pela velocidade e os veículos que o seguiam". O júri citou ainda como complicadores o fato de Paul estar alcoolizado, de Diana não usar cinto de segurança e de o carro ter batido num pilar. "De fato espero que todos recebam este veredicto como um encerramento", afirmou Stevens, que dirigiu a investigação policial britânica, sem no entanto descartar processos penais contra responsáveis na França. Todos os fotógrafos que seguiam Diana rejeitaram a intimação para depor. Um deles, Jacques Langevin, disse a uma TV que não tem nada a esconder e que a investigação foi "uma perda de tempo." O juiz Scott Baker havia instruído expressamente o júri a rejeitar teorias conspiratórias sobre o acidente. A investigação, que teria custado até 20 milhões de dólares, teve testemunhas ouvidas por videoconferência na França, nos EUA, na Nigéria, no Quênia e na Austrália. Poucos detalhes da vida particular de Diana ficaram de fora, pois amigos, família, curandeiros, espiões, guarda-costas, policiais e mordomos foram chamados a opinar, para deleite da imprensa mundial. A demora de dez anos ocorreu porque a Grã-Bretanha teve de esperar o processo judicial na França e a investigação da própria polícia britânica. Nos dois países, policiais concluíram que o acidente foi provocado pelo fato de que Paul estava bêbado e em excesso de velocidade. Pela lei britânica, toda morte não-natural deve ser submetida a um inquérito judicial.

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