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Nasce na luz um gesto de ocupação do espaço

Por Laura Greenalgh , WATER MILL , LONG ISLAND e NY
Atualização:

O primeiro trabalho do escritório Herzog & de Meuron no Brasil tem complexidade e custos bem maiores do que os do Parrish ArtMuseum. A rigor, o desafio é de outra ordem. Encomendado pelo ex-secretário de Cultura do governo Serra, João Sayad, o Complexo Cultural Luz nasceu com a missão de consolidar o maior distrito cultural da América Latina, junto com Sala São Paulo, Pinacoteca do Estado, Escola Livre de Música, Museu da Língua Portuguesa, Museu de Arte Sacra e Parque da Luz. Tudo numa área central com edifícios históricos, entorno degradado e muitos desejos de recuperação. No mês passado, os arquitetos suíços entregaram ao governo paulista o Projeto Básico do Complexo, sintetizado num livro de edição caprichada, apenas uma amostra das incontáveis caixas de estudos e plantas desenvolvidos nos últimos anos. O programa da obra, segundo o atual secretário de Estado da Cultura, Marcelo Araújo, passou por um encolhimento. Mas tanto Araújo quanto o arquiteto Ascan Mergenthaler, do escritório suíço, acham que a redução veio para melhor - opinião já expressa ao Caderno 2 por Jacques Herzog, em 2011, quando esteve em São Paulo a convite do Arq.Futuro. A questão agora é saber se o projeto sai da prancheta, "Sai", garante o secretário. "O processo de licitação da gerenciadora da obra será definido em dezembro e, a partir daí, vamos lançar editais para convocar outras empresas. É algo que exige muito rigor, afinal se trata de uma obra avaliada em R$ 400 milhões." O projeto difere na essência da Sala São Paulo, imponente, porém fechada em si mesmo. Concebido como uma grelha de grandes lâminas - inspiradas nas ruas da cidade -, o Complexo propõe um sistema dinâmico de circulação de visitantes, usuários e trabalhadores. Circulação que se organiza a partir de uma imensa rampa, "pensada como um gesto de convite ao uso do espaço", revela o projeto. Em terreno de 18 mil m² estão previstos um teatro de dança e ópera com 1.750 lugares, um teatro experimental com 400 lugares e uma sala de recitais com 50o lugares, projetada em forma de ovo. "Discutimos bastante essa ideia. Ela funciona muito do ponto de vista acústico", diz Mergenthaler. O Complexo abrigará corpos estáveis da Secretaria, como a SP Companhia de Dança, a Escola de Música Tom Jobim, a Sinfônica Jovem do Estado. E receberá também produções autônomas.

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