Nas ruas

'Obra para o público tem de ter cor", diz a artista plástica Tomie Ohtake, que acaba de criar peça para praça de Tóquio

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Por Camila Molina
Atualização:

A forma do número 8 - ou símbolo do infinito - que Tomie Ohtake vem explorando em suas recentes criações, apareceu também em um de seus mais novos trabalhos de arte pública, uma escultura que ela inaugurou em agosto de 2012 no complexo Mori Building de Tóquio, em seu país natal. "Galeria e cidade são diferentes. A obra para o público tem que ser mais bonita, ter cor", diz Tomie Ohtake sobre uma vertente que tanto gosta.Em sua trajetória, Tomie já realizou mais de 30 esculturas e painéis em espaços públicos. "São 100 anos! Fiz muitas coisas, algumas, até esqueço de vez em quando. Eu mesma fico assustada", diz a artista à sua maneira bem-humorada.Ela não quer parar de criar; conta com entusiasmo sobre a escultura de metal com 2 metros de altura, pintada de vermelho, que desenhou a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. "Já estão fazendo", garante Tomie, completando que a obra será inaugurada em 1.º de maio. "Como a fábrica é muito forte, pensei que queria fazer uma coisa leve. Fiz um grande 8, uma forma muito bonita", explica.Das criações públicas de Tomie Ohtake, tantas delas emblemáticas não apenas em São Paulo, a pintora e escultora afirma que sua preferida é o painel vermelho que ocupa, desde 2004, o hall principal do Auditório Ibirapuera, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.Mas Tomie não aguenta e começa a enumerar outros trabalhos paulistanos - As Quatro Estações, conjunto de painéis coloridos criados com pastilhas vitrificadas, instalado em 1991 na estação Consolação do metrô; outro painel, no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo; ou a instalação escultórica de concreto armado feita em 1988 para a Avenida 23 de Maio. "Gostaria de fazer mais obras para São Paulo", afirma a artista, mas não há ainda nenhum novo pedido. Questionada onde, responde: "Na Avenida Paulista ou na Avenida Brasil".Segmento tão importante em sua trajetória, suas obras públicas serão tema de um novo livro a ser lançado em novembro, mês do centenário da artista. A edição, patrocinada pelo Instituto Tomie Ohtake, está prevista para ficar pronta na época da grande exposição Gesto e Razão Geométrica, que será inaugurada na instituição às vésperas do aniversário da pintora e escultora.A primeira criação de arte pública de Tomie ocorreu em 1984, quando realizou um painel pintado na empena de um prédio paulistano da Ladeira da Memória. Desde então, a artista fez trabalhos que podem ser vistos, entre outras cidades, em Brasília, Ribeirão Preto, Curitiba, Belo Horizonte e Santos - curiosamente, esta última recebeu em 2008, ano do centenário da imigração japonesa no Brasil, uma escultura de aço de 60 toneladas inaugurada na ocasião pelo príncipe Naruhito do Japão.

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