Naomi dá show de simpatia no SPFW

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Por Agencia Estado
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Ok, a cidade pode estar alagada, destelhada, desabada, mas no Prédio da Bienal, no Ibirapuera, ninguém ficou sabendo de nada. O negócio é saber qual a top mais sensacional de qual desfile do dia, qual a celebridade mais deslumbrante da primeira fila, qual o tititi mais quente nos bastidores e por que Naomi Campbell anda tão fofa. Sim, a modelo black & British foi a grande estrela do sábado, encerrando o desfile sauna feminina da Rosa Chá. Mas, calma. Vamos começar pelo começo... Às 11h35, em uma improvável locação da Barra Funda, a Huis Clos fez seu desfile de retorno ao evento, depois de ter se despedido quando a Fashion Week era ainda Morumbi Fashion. Na fábrica-show room cinematográfica da estilista Clô Orozco (um prédio anos 50 repaginado pelo arquiteto Felipe Crescenti), vimos uma coleção minimalista chic de doer o dente. A estilista, que é adepta das roupas enquanto construção e pós-graduada na escola japonista (leia-se Yhoji Yamamoto e Rei Kawakubo) apresentou uma coleção de sensações outonais. Por aqui, nada de fogos de artifícios. O forte são as tramas e texturas dos tecidos (todos com tecnologia nipônica) e intricados volumes, estruturas e dobraduras. Além do preto, cinza, branco e off white dão o tom. E uma delicadíssima estampa de flor de cerejeira pontua saias godês anos 50. Aliás, a década é o mote da coleção: saia lápis, tomara que caia, redingotes, casaco cachê couer, blusas "confeito" transparentes, linha A e lições dos mestres Dior, Fath e Balenciaga. A assinatura de Clô Orozco fica por conta do vestido coluna feito no masculino tropical príncipe de Gales. Ou no mantô redingote de gola cortada. No braço, uma releitura das pulseiras berloques em prata, assinada pelo designer Marcel Jupy. Fora que o ambiente do desfile, mais intimista, fez lembrar os tempos quando a moda ainda era um domínio restrito e a roupa contava mais que o espetáculo... ou as celebridades convidadas. Momento bom e nostálgico. No segundo desfile do dia, a mineira Alphorria foi a Espanha. Mas a Espanha dos filmes de toureiro (pense em Sangue e Areia) ou do clipe Take a Bow, de Madonna. Porém, o excesso de babados, os bordados barrocos e uma certa vulgaridade de corsets e cintas-ligas ficou mais para dramalhão mexicano. Os vestidos pretos sugeriam uma procissão de beatas de luto. Enfim, pesou. Jum Nakao embarcou em uma viagem pessoal e cerebral. Com duas araras de roupas na passarela, começou o desfile vestindo a modelos com várias camadas de vestidos leves, transparentes e com estampas gráficas de motivos e cores diferentes. Bonito, suave e com personalidade. Na seqüência, roupas masculinas em negro. Quase não notamos, porque depois vieram as duplas de meninas com roupas cheias de zíperes que iam se transformando em outras peças. Jaqueta virou mochila, casaco virou jaquetinha, mantô virou calça e assim por diante. Glória Coelho já fez este exercício em uma temporada passada. Mas o jogo de Glória era poético, feminino. O de Jum é preciso, objetivo, masculino. Uma coleção utilitária e sem ego (coisa difícil no mundo fashion) para pessoas que entendem este tipo de viagem. Sala aromatizada e uma bancada na passarela onde conhecidas socialites e modelos trocavam figurinhas entre si ou falavam no celular. Todas de roupão de banho. Era o cenário do desfile ultrafeminino da Rosa Chá. A marca de moda praia de Amir Slama foi além do maiô e do biquíni de verão. Apresentou blusas de mangas bufantes e gola Lady Dorma (a namorada do Príncipe Submarino) e até um casaco de matelassé de meticulosa construção: várias camadas de tecido nuvem + bordado + desfiado... Enfim, um trabalho de fôlego que cresceu na passarela. No final, com um maiô verde vazado e alguns quilos mais magra, Naomi Campbell encerrou o desfile e, como sempre, deixou todo mundo encantando com seu allure de top veterana. Na trilha sonora, a voz inebriante de k.d. lang. Reinaldo Lourenço foi à caça. Isto é, sua coleção tinha vários bichos: couro de avestruz e muita pele. Apesar do começo insosso, em preto, o desfile cresceu e apareceu. Principalmente com os vestidos com estampas de rosas em laranja zarcão. O encerramento, com muito paetê faiscante em vestidos godê, foi luxuoso. E o equilíbrio entre o diáfano jérsei e o peso do couro de avestruz mostrou mão de mestre. Claro que essas roupas devem chegar à loja com preço de automóvel popular. Portanto, comece a poupar... O final do dia foi light. A Vide Bula trouxe o estilo college. É, mais uma vez. Só que abriu com uma garotada de jeans, tênis e agasalho carregando cartazes de protesto: "Abaixo a mídia hipócrita", "Preconceito mata", "Ame" e outras palavras de ordem. Na sequência: saias plissadas, blusões bomber bicolores, t-shirts, camisa branca. Pontos altos: um casting de lindões e lindonas; e a banda Los Pirata (é, assim mesmo, no singular) tocando ao vivo um rock and roll descabeladíssimo como pede o verdadeiro espírito da escola risonha e franca. E com essa deixa escolar, dá até vontade de cabular aula. Mas o mundo gira, a engrenagem fashion roda e o show não pode parar. Veja galeria de fotos

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