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'Não sou vândalo', diz homem que danificou pintura de Rothko

Por MIKE COLLETT-WHITE
Atualização:

Um homem que diz ter desfigurado uma pintura importante de Mark Rothko no fim de semana em Londres afirmou na segunda-feira que Marcel Duchamp, o artista francês famoso pela exposição de um urinol em 1917 que chocou o establishment da arte, ficaria "feliz" com o que ele fez. A polícia investiga o incidente de domingo na galeria Tate Modern, no Rio Tâmisa, onde testemunhas viram um homem se aproximar da tela "Black on Maroon", de 1958, de Rothko, e escrever com tinta preta no canto direito inferior. Embora a tinta tenha escorrido pela tela, uma foto postada por uma testemunha no site do Twitter mostrou as palavras em inglês: "VLADIMIR UMANETS '12, A POTENTIAL PIECE OF YELLOWISM." Um homem que atendeu um número de celular fornecido via um link no site do movimento "Yellowism" (www.thisisyellowism.com) respondeu ao nome de Vladimir Umanets e disse à Reuters ter executado o ataque. "Estou ciente de que eles (a polícia) virão em algum momento e vão me prender", disse ele, com um sotaque da Europa do leste. "Foi uma declaração artística, mas se tratou mais de ter a oportunidade de falar sobre galerias e arte", acrescentou ele, explicando suas ações. "O Marcel Duchamp, quando fez os ‘readymades', todo mundo ficou chocado. Não quero ser considerado um vândalo ou alguém que quer destruir algo, especialmente uma pintura tão valiosa." "Trata-se mais de mudar a percepção das coisas, dos espectadores. Trata-se mais de uma ideia." O urinol iconoclasta de Duchamp, intitulado "Fonte" e com as palavras "R. Mutt", é considerado uma das obras mais influentes do século 20 ao desafiar a compreensão das pessoas sobre o que se constitui a arte. "O que eu acredito é que a coisa mais criativa que se tem a fazer na arte contemporânea hoje é abandonar essa (arte) e Marcel Duchamp estava tentando fazer isso", afirmou Umanets. "Não estou dizendo que sou outro Marcel Duchamp. Não sou um tag-maker. Estou fazendo uma coisa minha...Depois de Duchamp, nada de fato aconteceu. Definitivamente, acredito que Marcel Duchamp ficaria muito feliz."

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