Ultimamente, tenho ouvido críticas às pessoas que defendem alguma causa, porque essas pessoas não “pertencem” àquela classe (?) e não deveriam falar sobre aquilo para não tirar o protagonismo daqueles que realmente “pertencem” e que deveriam ter voz. Quer dizer que agora só um negro pode defender a causa negra? Só uma mulher pode lutar contra o machismo? Sou a favor do casamento gay, mas deixa os gays se virarem nessa luta aí sozinhos, afinal, não sou gay e não tenho nada a ver com isso? Ao contrário, tenho muito a ver com isso desde o momento que faço parte dessa sociedade que, em boa parte, discrimina gays. Eu, como homem branco, posso sim dizer aos quatro ventos que o racismo deve ser combatido com todas as forças. Eu, o Lázaro Ramos, o Seu Jorge, a Neide, o Renato, a Nataly e todo o mundo.
É equivocado pensar que uma luta é em prol de uma parcela específica da sociedade. A luta é em prol de todos nós enquanto gente. A luta é para que ninguém sofra nenhum tipo de preconceito. Se quem tá lutando por isso é um anão chinês evangélico ou uma travesti idosa cega não importa, o que importa é que todos consigamos extinguir qualquer tipo de discriminação. E, justamente por não “pertencer” a esta classe, é que minha voz também é importante, porque “pertenço” então ao outro lado, de alguma forma meu lado é o lado do opressor e quero, e preciso, dizer pra todo mundo que não concordo com isso.
Você que me diz que não sei o que é ser qualquer coisa, saiba que, acima de tudo, sei o que é ser humano e sei o que é me sentir um lixo de ver como o mundo tem caminhado. Não estou defendendo os negros, as mulheres, os gays, estou defendendo você, ele e eu. Tô me posicionando em favor da vida.