04 de abril de 2011 | 10h59
"No Maracanãzinho foi a primeira vez que viemos mostrar isso no Brasil", lembra Naná. "Era um sonho mesmo, porque a gente tocava no mundo todo e não aqui. Foi um festival organizado pelo Zuza Homem de Mello. E o Maracanãzinho fez silêncio para ouvir. Isso foi incrível", conta.
A dupla ensaia na quarta e na quinta o repertório do show. Gismonti diz que não sabe exatamente como vai ser, mas espera que toquem "o melhor de Dança das Cabeças" e "novas coisas complementares". "Dança das Cabeças é um disco de muitas novidades na minha vida, sobretudo pela coragem de fazermos um disco fora do padrão dos grupos da época", diz o músico. Gismonti afirma que gosta de todos os seus 64 álbuns, "cada um com suas histórias, necessidades, alimentos e desenvolvimentos", sendo "Dança" considerado uma de suas obras-primas. Foi o primeiro registro dos dois pela importante gravadora alemã ECM.
Esse diferencial a que ele se refere é a formação instrumental: ele com seu recém-adquirido violão de 8 cordas, piano e flauta e Naná com os instrumentos de percussão (incluindo o próprio corpo). Harmonizando contrastes, a sugestão era fazer "o piano entrar na Amazônia", em sentido inverso ao de Villa-Lobos. Era Naná vindo do universo sonoro mais "raiz", digamos, tentando entender o refinamento erudito da formação do parceiro e levando sua contribuição. "Apesar das diferenças, a concepção, a maneira de pensar sobre música sempre foi muito parecida, então não tem muito o que pensar na hora de criar", diz Naná.
Gravado no final de 1976 e lançado em 1977, "Dança das Cabeças" ganhou diversos prêmios no mundo, incluindo o Grammy de melhor disco estrangeiro. Há quem o considere um trabalho de música erudita, outros o colocam nos nichos do jazz e da world music, latino, acústico. Para Gismonti é simplesmente inclassificável. "Não confundir com excelente ou péssima, inclassificável é o que eu não sei classificar", diz. O disco tem formato de duas suítes (uma de cada lado do LP original), repletas de movimentos variados e experimentações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos - Sesc Belenzinho (R. Padre Adelino, 1.000). Tel. (011) 2076-9700. 6ª e sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 32.
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