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Namorada de Pistorius condenou violência de gênero pouco antes de morrer

Por STELLA MA
Atualização:

Um dia antes de ser morta a tiros pelo astro paraolímpico Oscar Pistorius, Reeva Steenkamp proclamou publicamente seu apoio a uma campanha contra a violência que deixa milhares de mulheres mortas na África do Sul a cada ano. Em sua página no Twitter em 13 de fevereiro, Steenkamp postou seu apoio à campanha "Sexta-feira Negra", pedindo aos sul-africanos para usar preto em homenagem a milhares de mulheres estupradas e mortas no país, muitas vezes por seus parceiros. Steenkamp, de 29 anos, que morreu na madrugada do Dia dos Namorados, queria usar sua fama como modelo e namorada de um dos esportistas mais reconhecidos da África do Sul para levantar a questão, disse sua melhor amiga, Gina Myers. "Alguns dias antes de morrer, ela estava dizendo como as pessoas eram ignorantes sobre o fato de que (a violência contra mulheres) está por aí", afirmou Myers à Reuters nesta quinta-feira. Steenkamp morou com Myers e sua família nos cinco meses antes de sua morte. "Ela estava começando a ter estas conversas com as mulheres. Era algo que ela sentia de maneira muito forte e ela queria fazer alguma coisa sobre isso." Criada na cidade de Port Elizabeth, Steenkamp considerava os Myers como sua "família de Johanesburgo" e ela aparece em muitas fotos espalhadas pela casa. Seu quarto, simples, com cortinas branco-e-pretas, ainda tinha a evidência da ocupação de Steenkamp nesta quinta-feira, com uma bolsa meia aberta sobre a cama e os cosméticos sobre uma cômoda. Pistorius, biamputado apelidado de "Blade Runner" por causa de suas próteses de fibra de carbono, pode pegar prisão perpétua se for condenado pelo assassinato premeditado de Steenkamp. Ele nega a acusação, dizendo que a confundiu com um intruso em sua casa de alto padrão. Promotores acreditam que Pistorius atirou em Steenkamp após uma discussão. Os vizinhos disseram à polícia que ouviram "gritos incessantes" antes do tiroteio. Steenkamp tornou-se mais uma estatística num país descrito como um dos mais violentos fora de uma zona de guerra. "Eu acordei em um lar feliz seguro nesta manhã. Nem todo mundo o fez. Falo contra o estupro de pessoas", ela escreveu no Twitter em 10 de fevereiro, na sequência do estupro, mutilação e assassinato de Anene Booysen, de 17 anos, perto da Cidade do Cabo. Uma pesquisa recente sobre a violência de gênero do grupo Gender Link em quatro províncias sul-africanas descobriu que uma em cada duas mulheres sofreu alguma violência de forma sexual ou física pelo menos uma vez na vida, incluindo os relacionamentos íntimos.

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