
14 de dezembro de 2010 | 00h00
Naquele mesmo dia, Moser acompanhou o exame e o embalsamamento do corpo na lavanderia do hospital da cidadezinha de Vallegrande. Acrescidas de um frio ácido do preto e branco queimado pelo tempo, as fotos dele remetem ao quadro em que Rembrandt retratou, em 1632, o corpo de um criminoso executado servindo para estudos de anatomia. Uma freira de hábito branco a quem coube lavar o cadáver é a única presença feminina notada por Moser entre os uniformes de soldados e médicos.
Na manhã seguinte, Trigo documentou a apresentação oficial do corpo de Che à imprensa internacional. As fotos dele ficaram famosas principalmente pelo close no rosto, de olhos bem abertos. Exibidas juntas, as imagens de Moser e Trigo revelam uma diferença: na véspera, enquanto injetavam formol no corpo do guerrilheiro, seus olhos estavam fechados.
O corpo de Che teria sido enterrado num lugar secreto, descoberto em 1997. Os restos mortais encontrados no terreno do aeroporto de Vallegrande foram levados para Santa Clara, em Cuba, onde o revolucionário comandou uma batalha na derrubada de Batista. Mas há quem afirme que ele ainda está na Bolívia, onde muita gente o venera como santo.
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