Na TV paga, um festival para James Dean

Ciclo no Cinemax Prime mostra os filmes que construíram o mito do eterno rebelde: Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade

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Por Agencia Estado
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Morto aos 24 anos, num acidente de automóvel, em 1955, James Dean consolidou, no inconsciente do público, a imagem definitiva do rebelde nas telas. O espectador nunca teve outra imagem dele que não a do adolescente angustiado que interpretou, nos três grandes filmes que compõem sua filmografia. É outro fator determinante do culto de James Dean. Apareceu em poucos filmes, mas todos são grandes. Não há nenhuma data redonda, de nascimento ou morte, mas é tempo de lembrar o astro que traduzia, como poucos, a vertigem da velocidade. Começa amanhã um ciclo no Cinemax Prime que vai mostrar, até domingo, os filmes que esculpiram o mito. Vidas Amargas, de Elia Kazan, é o primeiro. O segundo, sábado, é Juventude Transviada, de Nicholas Ray, e o terceiro, no domingo, Assim Caminha a Humanidade, de George Stevens. Todos foram produzidos entre 1955 e 56 e o último estreou só após a morte do ator. Na verdade, essa não é sua filmografia completa. Ele também apareceu, em princípio de carreira, num pequeno papel em Sinfonia Prateada, de Douglas Sirk, em 1952. Houve John Garfield nos anos 1940, mas foi Marlon Brando, na década seguinte, o precursor de James Dean. A camiseta de Marlon Brando em Uma Rua Chamada Pecado, de Elia Kazan, sua moto em O Selvagem, de Laszlo Benedek. Talvez não tivesse havido James Dean sem esses sinais precursores. Ele foi, na vida, mais atormentado do que qualquer personagem que interpretou na tela. Homossexual reprimido, amou, platonicamente, uma atriz italiana que teve uma passagem meteórica por Hollywood. Anna Maria Pier Angeli, ou simplesmente Pier Angeli, também tinha urgência de viver e morreu de insuficiência cardíaca, provocada pelas drogas, em 1971. Eram jovens, belos e muito rebeldes. Kazan adaptou Vidas Amargas do romance de John Steinbeck, A Leste do Eden, fazendo de James Dean o bad boy Cal Trask. O filme, como o livro, inspira-se no mito bíblico de Caim e Abel. O Caim moderno, Dean, descobre que a mãe, dada como morta, possui um bordel numa cidade vizinha. E mata o irmão, que não suporta o horror da revelação. Veio depois o Jim Stark de Juventude Transviada, que se chama Rebel Without a Cause, no original. Ao contrário do que sugere o título, o diretor Ray oferece todas as causas à rebeldia do herói, que divide a cena com Natalie Wood, outro mito dos anos 1950 e 60. Em Assim Caminha a Humanidade, épico gigantesco como o Texas, George Stevens fez dele um certo Jeff Rink, que amarga uma paixão não correspondida por Elizabeth Taylor. Com três obras desse calibre no currículo, difícil, para Dean, seria não ter virado mito. Festival James Dean. Amanhã, Vidas Amargas; domingo, Juventude Transviada; domingo, Assim Caminha a Humanidade, às 21h30. Cinemax Prime (operadoras/canais: TVA, 30; Directv, 533)

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